domingo, 5 de junho de 2005

Biografia Blitz

Janeiro de 1982, verão carioca. Uma lona começa a ser esticada sobre o pedaço de terra que separa Ipanema de Copacabana. À sua sombra toma forma um espaço multicultural e democrático que ficou conhecido como Circo Voador.
Naquele palco praiano, que depois mudaria para a Lapa, no centro do Rio, nasceu a BLITZ.Vinda de shows improvisados em bares da zona sul, banda tomou forma e começou a virar mania no tablado do Circo. Em julho daquele ano gravou o compacto “Você Não Soube Me Amar”, que só tinha essa música. No lado B do disco uma voz repetia “nada, nada, nada”. Em três meses o compacto vendeu 100 mil cópias e aquela canção diferente, meio cantada, meio falada, cheia de swing, gírias e de alegria virou febre.
Ainda em setembro foi lançado o LP “As Aventuras da Blitz”, com uma venda ainda mais impressionante que a do compacto. A BLITZ tinha o país aos seus pés.
Evandro & Cia surgiram na esteira do “Rock Brasil” – termo que a imprensa normalmente usava para se referir a artistas como Lulu Santos e grupos como Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, entre outros, que foram dando as caras no início dos anos 80 –, mas não formavam exatamente uma banda de rock. A BLITZ era inclassificável na melhor acepção do termo. E isso tinha muito a ver com a sua origem, o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone.
De lá saiu Evandro Mesquita, o homem de frente do grupo, responsável por boa parte das letras deliciosamente coloquiais da banda.
De lá saiu também Patrycia Travassos, que dirigiu os primeiros shows do grupo e imprimiu a eles a marca do espetáculo músico-teatral. Evandro não só cantava, mas também dialogava com as garotas do backing vocal, a cantora Márcia Bulcão e a amiga dela, a bailarina Fernanda Abreu. Na cozinha musical, jovens talentosos como Billy Forghieri (teclados, ex–Gang 90), Ricardo Barreto (guitarra), Antonio Pedro (baixo, ex-Mutantes) e Lobão (bateria) garantiam som de primeira.
Os anos de ouro do grupo vão de 1982 a 1986. Nesse espaço de tempo a BLITZ lançou três discos, fez centenas de shows pelo país e pelo exterior, entre eles as antológicas apresentações no Rock in Rio I, e se dissolveu às vésperas da gravação do quatro LP.
Voltou a se reunir e a se separar nos anos 90. Hoje sobrevive numa espécie de underground luxuoso.
A rapaziada se reúne quando pinta algum show ou programa de TV e prova que a BLITZ ainda tem um público cativo e que o repertório, vinte anos depois, continua funcionando.
Atualmente Evandro, Billy e Juba trabalham no projeto de um CD/DVD ao vivo, cheio de participaçòes especiais, músicas novas e, claro, releituras dos grandes sucessos. Como diria Eva, para os íntimos, ‘enquanto tiver bambu, tem flecha’.