quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Peça teatral "Perdas e Ganhos" - Apresentação de 17/12/2014

Indubitavelmente, nossas vidas são marcadas diariamente por perdas e por ganhos, e cabe a nós aprender as lições que derivam destes. A partir do livro homônimo de Lya Luft, a atriz, roteirista e diretora Beth Goulart roteirizou um monólogo a ser encenado por sua mãe, a brilhante atriz Nicette Bruno, um dos grandes medalhões do teatro brasileiro. O livro já faz sentido por si só mas, ao ser aplicado à recente viuvez de Nicette Bruno - cujo marido e pai de seus filhos, o ator e autor Paulo Goulart, morreu em março de 2014, vítima de um câncer no mediastino - revigora a mensagem deste, e complementa o entendimento sobre a importância de se aceitar e aprender com essas perdas e com esses ganhos.


Cheguei ao Teatro Oi Brasília, localizada dentro do resort Royal Tulip, à beira do Lago Paranoá, por volta de 20h45, e devo fazer aqui uma reclamação grave ao local - o estacionamento subterrâneo, ainda que gratuito para os espectadores da peça de teatro, é mal sinalizado, e sua saída é a mesma tanto para carros quanto para pedestres, o que é extremamente desconfortável e perigoso. Ao encontrar a saída e, consequentemente, chegar ao teatro, foi questão de alguns minutos apenas para abrirem a sala de espetáculos. Sentei-me na primeira fileira, bem centralizado em relação ao palco, e, depois de quinze minutos de atraso, as luzes foram diminuídas, e a voz de Beth Goulart invadiu os alto-falantes pedindo a todos para desligarem seus aparelhos celulares - devo dizer, com uma certa e acertada insistência que achei triste porém necessária.



As cortinas se abrem e, por entre longos tecidos brancos que estavam balançando no meio do palco, surge Nicette Bruno, em um tailleur elegante, convidando a todos para entrar na reflexão sobre os percalços da vida e a realidade após a morte, tanto para quem se foi quanto para quem ficou no plano terreno. A atriz se apresenta em um monólogo, no qual faz o papel de narradora, além de interpretar três personagens em cena - todos tirados do livro "O Silêncio dos Amantes", também de autoria de Lya Luft - além de aparecer em dois vídeos, exibidos nas telas brancas que compunham o cenário do palco. O espetáculo é multimídia, contando com projeções e textos pré-gravados, mas o destaque é atuação impressionante de Nicette Bruno em cena - com a ajuda da iluminação de Maneco Quinderé e da trilha sonora de Alfredo Sertã, a atriz brilha em cena, e emociona a plateia indiferente do sexo, da raça, do credo.



Ao final do espetáculo, Nicette Bruno agradeceu a todos pela presença e pelos aplausos - efusivos, da minha parte -, além de chamar sua filha, a diretora da peça, para subir ao palco com ela e, assim, compartilhar da glória dos aplausos. Beth Goulart, abraçada à mãe, agradeceu pela atenção de todos, e fez um emocionado discurso sobre a importância do espetáculo para contar a história da própria família e, assim, ajudar a recuperar as forças após a partida do patriarca, Paulo Goulart. A cortina, então, se fecha sob uma torrente de aplausos ante a emoção e a satisfação de termos prestigiado um espetáculo profundamente filosófico e perfeitamente terapêutico. É uma peça de teatro para se ver uma única vez, pois sua mensagem demorará a se tornar obsoleta, tamanha a sua intensidade.


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