Créditos: Caio César Mancin
Para consegui chegar a tempo do show, tive que pedir para sair mais cedo do meu trabalho, por conta de uma operação policial para desocupar um velho hotel abandonado no centro da cidade, o que bloqueou o Eixo Monumental, uma das avenidas mais movimentadas e congestionadas de Brasília. Apesar de o show estar previsto para começar às 21h, saí do trabalho às 18h30 - e, acreditem ou não, só consegui estacionar meu carro no local do show próximo das 20h... Depois de finalmente chegar, fui para o hall do grande Auditório Master para esperar abrirem as portas.
Por volta de 20h55, as portas foram liberadas e o público começou a se acomodar nas suas respectivas poltronas. Eu, muito espertamente, comprei meu ingresso com quase dois meses de antecedência, o que me garantiu uma visão privilegiada do palco - na primeira fileira, posicionado bem no centro dela e do palco, bem de frente para o pedestal do microfone de Sandy. Foi sensacional poder vê-la dali, tão de pertinho - ainda mais perto do que da última vez que eu havia a visto ao vivo, em 2013. Por conta do congestionamento para chegar ao CCUG, e também por problemas técnicos da equipe de som, o show só foi ter início às 21h35 - nada comparado às duas horas que tive que esperar minha outra diva, Madonna, no Estádio do Morumbi...
Créditos: Caio César Mancin
O cenário do show "Meu Canto" é bem lúdico e traz à tona a ideia de movimento contínuo das engrenagens da vida, além de mostrar um ambiente mais íntimo e intrínseco, sendo, assim, mais apropriado para a personalidade mais introspectiva do eu lírico de Sandy. Assim que as luzes se apagaram, a sombra de Sandy surge por detrás de uma porta cenográfica, e ela quase declama a letra de "Meu Canto", canção inédita que dá nome ao show e ao vindouro CD e DVD ao vivo, gravado no final de 2015 no Theatro Municipal de Niterói. Assim que ela abre a porta, a plateia vai ao delírio com os acordes iniciais da próxima música - "Sim", que intitula o segundo álbum de estúdio de Sandy. Em seguida, uma das mais bonitas canções da carreira solo da cantora - "Ela/Ele", uma doce valsa que conta uma bela história de amor.
Créditos: Caio César Mancin
Diante de uma plateia extasiada e firmemente correspondida emocionalmente com a artista, Sandy agradeceu mais de uma vez à presença de todos e contou mais detalhes sobre "Meu Canto", o CD e DVD ao vivo que estão em vias de serem lançados oficialmente - a cantora garantiu que sairá ainda em junho. Logo após, a banda surge com o arranjo melodioso de "Perdida e Salva", do primeiro disco solo de Sandy, "Manuscrito". Então, depois de cantar, Sandy se sentou em um surrado banco de madeira e cantou para todos nós "Segredo", uma das mais lindas canções do disco "Sim", e também presente no EP "Princípios, Meios e Fins". Em seguida, Sandy deu mais detalhes sobre seu novo projeto ao contar sobre as músicas inéditas que estarão presentes no novo DVD tanto ao vivo quanto em versões de estúdio, cujas baterias foram gravadas pelo irmão da cantora, Junior Lima - os dois tiveram uma formidável carreira em dupla por 17 anos, cujo fim se deu há quase dez anos. Aproveitando a deixa, ela cantou "Me Espera", seu novo single, gravado em parceria com o cantor brasiliense Tiago Iorc e que rendeu um lindo videoclipe que já ultrapassa a marca de 4 milhões de visualizações.
A música seguinte foi outra inédita - "Respirar", escrita pela cantora junto de seu marido, o músico Lucas Lima, e o vocalista da banda Reverse (elucidada e amadrinhada por Sandy no reality show musical "Superstar", do qual ela é uma das juradas), Daniel Lopes. Após esta, "Escolho Você", uma das mais divertidas canções da cantora, presente no álbum "Sim" e que rendeu um divertidíssimo videoclipe com participação especial de Marcelo Adnet, conhecido humorista da televisão. Durante esta música, tal qual na apresentação da turnê anterior em Brasília, um fã-clube, de mesmo nome da canção, ergueu placas e piquetes para demonstrar o carinho dos fãs para com a artista. Logo após, Sandy contou um pouco mais sobre como funciona o processo de composição de letras de músicas para os artistas e, diante de um lindo discurso, ela tocou mais uma inédita - "Salto", na qual ela se derrete de amores pelo marido.
Créditos: Caio César Mancin
A próxima canção foi uma das poucas covers apresentadas no show - "All Star", composição de Nando Reis, e que se fez muito famosa na voz da saudosa Cássia Eller, já falecida. Sandy já havia cantado essa música na turnê "Sim", mas manteve no setlist desta nova turnê por conta do sucesso de sua versão e do apelo popular da canção. Em seguida, Sandy contou um pouco sobre a participação especial de Gilberto Gil em seu vindouro disco ao vivo, e cantou sozinha a música na qual dividiu os vocais com ele na gravação do DVD e do CD "Meu Canto", "Olhos Meus", presente no disco "Sim" e no EP "Princípios, Meios e Fins". Depois disso, Sandy resolveu exibir seus dotes instrumentais e tocou uma auto-harpa na introdução de "Pés Cansados", seu primeiro single da carreira solo.
Créditos: Caio César Mancin
A música seguinte era mais uma das inéditas, "Colidiu", que parece narrar um pouco da experiência de Sandy como mãe - seu filho, Theo, completa dois anos de idade em julho próximo. Logo depois, a cantora trouxe um de seus maiores hits da carreira solo, "Morada", que esteve presente até em trilha sonora de novela das 21h na Rede Globo. Depois de cantar, ela apresentou sua banda - incluindo a mais nova integrante, Patrícia Ribeiro, que toca o cello - e contou para nós uma breve parábola sobre a importância de seu avô Zé do Rancho em sua carreira musical, fazendo, logo em seguida, uma linda homenagem a ele, cantando "Cantiga Por Luciana".
Créditos: Caio César Mancin
Já perto do fim do show, Sandy convocou um estilo meio cigano, meio sapateado, para introduzir "Sem Jeito", do álbum "Manuscrito". Em seguida, para delírio da plateia - que inclusive pulou o cercado e tomou toda a parte da frente do palco - Sandy cantou dois sucessos da carreira de Sandy & Junior: "Nada É Por Acaso", do álbum homônimo de 2001, e "Desperdiçou", composta por Liah Soares para o disco "Identidade", de 2004. Sandy e banda se despediram da plateia mas, sob um lindo coral de fãs cantando "Turu Turu", um dos grandes hits da dupla de Sandy com seu irmão caçula, voltaram todos para o bis.
Créditos: Caio César Mancin
Sandy novamente agradeceu ao público e à energia de seus fãs, e fechou o show com apenas uma música no bis - "Ponto Final", cuja letra de pegada engraçada e irônica foi composta pela cantora junto de Lucas Lima e a autora Tati Bernardi. À esta altura, todos os fãs já se encontravam grudados no palco, tentando encontrar o melhor ângulo para tirar suas selfies e postar nas redes sociais para provar que estiveram ali. A artista cantava, mas poucos olhos realmente a fitavam - a grande maioria via o show pela tela de seus smartphones ou de suas câmeras filmadoras. Este é um dos comportamentos de público de grandes shows que mais me irritam - eu apenas tiro algumas fotos para ilustrar minhas resenhas, e só. Além disso, tem também essa mania brasileira de querer "pular a catraca" - leia-se, invadir um espaço pelo qual eles não pagaram para curtir uma multidão de pessoas espremidas e dando cotoveladas na sua cara enquanto tentam tirar duzentos autorretratos.
De maneira geral, o show foi realmente incrível, o que me deixou ainda mais ansioso para ver o resultado final do CD e do DVD ao vivo "Meu Canto". Sandy está linda e afinada como de praxe, e sua banda dispensa comentários - ela só trabalha com os melhores músicos, profissionais escolhidos a dedo para integrarem aquele conjunto. O único grande problema do show, além dos costumeiros problemas técnicos com microfonia e equalização do retorno intra-auricular da artista, é o comportamento egocêntrico e boçal de uma parcela dos fãs, que insistem em invadir a frente do palco para ficarem tirando fotos de si mesmos e fazendo vídeos ao invés de se aproximar, de fato, da cantora.
Créditos: Caio César Mancin
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