Créditos: Bilheteria Express/ Divulgação
Créditos: Caio César Mancin
"Morte Acidental de um Anarquista" é um conto farsesco sobre a investigação policial e midiática do suposto suicídio de Giuseppe Pinelli, um anarquista preso pela polícia italiana acusado de plantar bombas em um banco, no intuito de roubá-lo, e que foi encontrado morto depois de cair do quarto andar do prédio da polícia - o mistério da peça original de Dario Fo, escrita na época do crime, o qual ainda não tinha sido resolvido, era justamente se Pinelli se jogou ou se foi jogado da janela. No entanto, Pinelli sequer é mostrado na peça - quem representa toda a sua história é O Maníaco, uma figura mentalmente insana que já passou por dezesseis instituições psiquiátricas e já foi preso inúmeras vezes por falsidade ideológica. O Maníaco, na montagem dirigida por Hugo Coelho, é interpretado por Dan Stulbach, que entrega um personagem organicamente hilário. Além de Stulbach, o elenco também conta com Henrique Stroeter, Riba Carlovich, Fernando Sampaio, Maíra Chasseraux e Rodrigo Bella Dona - este último, também responsável pela iluminação e sonoplastia. Além dos atores, a peça também conta com Rodrigo Geribello ao teclado elétrico, que faz a trilha sonora ao vivo, além de efeitos de sonoplastia com a voz.
Créditos: Caio César Mancin
Créditos: Caio César Mancin
Antes de a peça, de fato, começar, os atores entram em cena do meio da plateia, cantando e tocando instrumentos em uma fanfarra sobre o enredo da peça. Em seguida, eles explicam um pouco sobre a vida e a obra de Dario Fo, o primeiro dramaturgo de comédia a ganhar um Prêmio Nobel de Literatura, além de falar da história real na qual o autor se baseou para escrever o roteiro da peça. Depois de explicarem tudo sobre o espetáculo, e de tirarem dúvidas da plateia, os atores fazem uma roda no meio do palco para se energizarem, e o espetáculo começa de vez - logo após, é claro, a terceira campainha, personificada magistralmente por Geribello. Ao longo do enredo, O Maníaco assume diversas personalidades e dá vazão à sua criatividade inventando trejeitos e vozes para seus personagens, ao mesmo tempo em que enlouquece todos em cena com suas presepadas. Os outros personagens são igualmente engraçados, mas porque se levam a sério. Além de Stulbach, destaco a performance irretocável de Riba Carlovich, que tem uma grave porém afinada voz para a música - ele, junto de Stulbach e de Marcelo Castro, fazem um número musical hilário e divertidíssimo.
Créditos: Caio César Mancin
Créditos: O Estado/ João Caldas
Em suma, a peça é uma grande farsa sobre a moralidade da política e das instituições que supostamente deveriam proteger os cidadãos, mas que, ao invés disso, amedronta-os e coage-los. No atual momento político brasileiro, o recado está dado, e não haveria de ser mais claro. Sem dúvida, assistiria novamente, só para gargalhar um pouco mais com as bobices d'O Maníaco.
Créditos: Heloísa Bortz
Créditos: Arquivo pessoal
Nenhum comentário:
Postar um comentário