Segue abaixo a resenha crítica do show do Saulo Vasconcelos, mas ainda temos uma coisinha muito especial: antes do espetáculo, Saulo concedeu entrevista exclusiva ao Música Na Vida falando tudo sobre "Por Trás das Máscaras" e sobre sua longeva carreira! O vídeo ainda está sendo editado mas, tão logo seja postado no nosso canal no YouTube, divulgo aqui o link e o player!
Espero que gostem da resenha e que aguardem ansiosamente a entrevista!
Abraços,
Caio César Mancin
Crédito: Na Balada DF/ Divulgação
Não tenho dúvidas de que o meu amor pelo teatro musical fez de longínquos tempos - creio que desde quando fui apresentado à beleza icônica do clássico de Andrew Llyod Webber, "O Fantasma da Ópera", pela minha mãe, ainda na minha infância - e tenho ainda mais certezas toda vez que me envolvo com esse tema tão benquisto para mim - como, por exemplo, ao poder prestigiar Saulo Vasconcelos, um dos maiores expoentes do teatro musical brasileiro e, sobretudo, brasiliense, pois o ator/cantor/dançarino é nascido e criado na capital federal, de onde saiu para conquistar os palcos de São Paulo e do México (onde morou alguns anos e trilhou carreira de sucesso no ramo). É encantador estar no mesmo ambiente que a voz inconfundível e astuta de Vasconcelos, que traz um show inédito para sua cidade natal, na qual, por força do destino, ele não se apresentava formalmente desde 1998 - "Por Trás das Máscaras", uma referência aos musicais em que pouco se via a fisionomia do artista, quase sempre coberto por máscaras, como o próprio Fantasma da Ópera e a Fera de "A Bela e a Fera", traz as árias mais importantes das peças que ele apresentou ao longo de sua carreira com novos arranjos, executados por uma banda riquíssima, além de uma música inédita, escrita especialmente para Vasconcelos por Elton Towersey (que interpretou Friedrich, um dos filhos homens do Capitão Von Trapp, interpretado por Saulo, no musical "A Noviça Rebelde"), baseado no filme "À Espera de um Milagre", de Frank Darabont, estrelado por Tom Hanks e Michael Clarke Duncan.
Previsto para começar 20h, o show teve um pequeno atraso de quinze minutos - o qual imediatamente me esqueci tão logo a banda adentrou o palco e tocou os primeiros acordes de "The Music Of The Night", ária de "O Fantasma da Ópera", cantada em versão bilíngue (inglês original e a adaptação para o português feita pela dupla Möeller & Botelho). O artista, então, recepciona o público - formada majoritariamente por grandes amigos de sua época na cidade - e canta "Stars", do "Les Misérables", em versão totalmente em português da montagem de 2001 que revolucionou o mercado do teatro musical no Brasil. Em seguida "If I Can't Love Her", ária da Fera no incensado musical baseado na animação da Disney "A Bela e a Fera", na versão brasileira intitulada "Sem Este Amor". Logo após Vasconcelos apresenta a sensível "Edelweiss", do musical "A Noviça Rebelde", e a dedica à sua mãe, que o prestigiava da plateia muito orgulhosa.
"The Impossible Dream", do musical "O Homem de la Mancha", é apresentada quase que colada com a anterior, e traz notas altíssimas que Saulo atinge com facilidade - e com louvor. Ele, então, conta algumas histórias entre uma música e outra - como, por exemplo, o fato de ter achado "Cats" um musical brega até ser convidado para interpretar o Old Deuteronomy, o velho gato que comanda a tribo dos gatos de T.S. Eliott, e entender melhor o propósito do musical, introduzindo, assim, uma performance irretocável de "Memory". Em seguida ele canta "E O Dia Vai Chegar", de autoria de Towersey, e emenda com "This Is The Moment", do musical "Jekyll e Hyde", do qual Saulo não participou na montagem brasileira mas do qual regravou algumas canções para um vindouro EP.
Logo depois ele convida ao palco Thiago Andrade Bienias, bancário e amigo pessoal do artista mas cuja voz de tenor é um deleite para quem o ouve, com quem ele canta duas músicas, sendo o tema principal de "O Fantasma da Ópera" (com Bienias fazendo os vocais de Christine) totalmente de improviso. Ainda no clima descontraído que o convidado trouxe ao palco Vasconcelos canta "I Am Aldolpho", do hilário musical "A Madrinha Embriagada" e, para desfrute do público mais jovem e menos ligado na carreira do artista nos palcos paulistanos, "De Nada", do filme "Moana" (Saulo dublou Maui, um semideus musculoso) - esta também contou com a participação especialíssima de Manuela, filha mais velha do artista com Louise, sua esposa, que dançou e pulou muito embalada pela música da animação da Disney.
Vasconcelos, então, baixa a bola e canta uma balada triste/romântica: "If I Didn't Believe In You", do musical off-Braodway "The Last Five Years". Os aplausos efusivos do público são o chamariz para ele apresentar sua banda e fazer os devidos agradecimentos a todos que fizeram deste show um sonho transformado em realidade - em entrevista ao Música Na Vida Saulo afirmou que não teve nenhum patrocínio, contando apenas com o apoio do Empório Cultural, tradicional escola de teatro musical em Brasília, mas que felizmente conseguiu pagar todos os custos com a venda dos ingressos (o teatro estava lotado) - e, também, para chamar a participação especial de Thais Uessugui, professora do Empório Cultural e responsável pela produção local do evento, e do grupo vocal da referida instituição para cantarem todos juntos "Another Day", um dos duetos mais emocionantes de Roger e Mimi no musical "RENT". Em seguida um excelente medley dos grandes sucessos de "Priscilla, Rainha do Deserto", musical de temática LGBTTQ do qual Vasconcelos participou em 2012, contendo as músicas "I Say A Little Prayer", "Material Girl", "Don't Leave Me This Way" e "MacArthur Park".
Saulo se despede do público mas retorna para um bis mais do que esperado: "Dancing Queen", clássico da disco music dos suecos do ABBA e também do musical "Mamma Mia!", cantada duas vezes completa pela plateia depois de insistentes pedidos. O público também prestou-lhe homenagem ao cantar "Parabéns Pra Você", visto que Vasconcelos fez aniversário no último dia 3.
De forma geral o show de Saulo Vasconcelos é, na verdade, o show da voz de ouro do artista, cuja potência ressoa em todas as paredes do Teatro dos Bancários e submerge o público em um transe profundo, acompanhado de frequentes calafrios nos momentos-chave em que ele atinge aquelas notas altas que vertem feito bálsamo nos ouvidos dos presentes. Sem dúvida o meu amor pelo teatro musical só cresce e, sim, Saulo Vasconcelos tem uma boa parcela de participação nisto.
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