-E fez muito bem! Você não devia ficar lá! Sua mãe foi burra de ter criado uma cretina como você!
-Então, posso morar aqui?
-O quê?! Você?! Morar em MINHA casa?! De jeito nenhum! Aproveite: o Parthenon é aqui perto. Quem sabe você consegue uma vaga lá, hein? Iria lhe fazer bem ficar perto com os deuses. Eu garanto, repito, garanto, que nem Zeus seria capaz de perdoa-la de todos os pecados que cometeu!
-Pois fique sabendo que eu não preciso de sua morada! Eu posso muito bem arranjar uma casa sozinha com pessoas muito mais decentes que você! Estúpido!
-Então adeus!
-Adeus!
Mas depois de dizer isso, Astitch se arrependeu amargamente. Sabia que iria ser difícil achar uma casa, já que todos a conheciam pelos gritos que dera na parte da manhã. Foi depois de muito tempo que ela conseguiu entrar na casa de seu tio Rastüs. E então, quando se deitou, o sol despontou seu primeiro raio de luz. Ela ficou desesperada quando lembrou que se tio estava na guerra e que não tinha dinheiro nem para comida nem para água. Ela estava com fome, pois não comia nada desde o lanche da tarde do dia anterior. Foi quando ela misturou fome, sede, tontura, raiva e peso e desmaiou. Inerte, com os cabelos ondulados voando com a brisa que vinha do Sol. Foi quando, algum tempo depois, um senhor pobre, porém humilde, encontrou Astitch desmaiada entre os lírios do território de seu amigo. Ele correu para ajuda-la e a levou para casa. Astitch estava pálida e com pulsação fraca demais. Chegando em sua casa, Grabitk, o homem que acolheu Astitch, tratou de coloca-la no sofá. Sua esposa, Jhady, saiu da cozinha e perguntou:
-Quem é essa menina? A aparência dela não está boa!
-Eu não sei. Eu a encontrei no terreno do Lretraker, ela estava fraca, deitada entre os lírios que ele cria no jardim.
-Minha nossa! – disse Jhady se aproximando da moribunda desmaiada. –Ela quase não tem pulso!
-Eu sei! Temos que alimenta-la! Busque um pouco de água!
Mas não foi preciso. Astitch acordou enfadigada e trêmula, como peça de roupa levada pelos ventos. Grabitk e Jhady tentaram acalma-la.
