quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Foco de Luz ou Super Trouper - Parte X

Olá, pessoas!

Hoje posto a décima e última parte do conto "Foco de Luz ou Super Trouper", de minha autoria! Espero que vocês tenham gostado dessa história, pois foi muito prazeroso para mim escrevê-la. Fazia muito tempo que eu não tinha inspiração para escrever um conto... Só quem é fã de contos sabe como é deliciosa essa sensação!

Obrigado a todos pela leitura!

Abraços,
Caio César.

***

"With a bit of rock music / Everything is fine" (Dancing Queen - ABBA)

Gustavo casou no civil com Raquel em março de 1995, e Olívia se casou com Cleto, seu namorado desde os quatorze anos de idade, em junho do mesmo ano. Em 1998, nasceu Roberta, filha de Gustavo e Raquel. No ano seguinte, vieram Flávia e Juliano, os gêmeos de Olívia e Cleto.

Em dezembro de 2002, todos foram passar as férias em Nova York. Gustavo comprou ingressos para todos assistirem ao espetáculo "Mamma Mia!", baseado nas músicas do ABBA, e foi o que mais se esbaldou durante a peça. Ao final, todos aplaudiram de pé. Na saída do show, Olívia estava subindo a escadaria e esbarrou sem querer em um senhor. Ao pedir desculpas (em português, pois estava um tanto distraída) e o senhor imediatamente se virou para trás e falou:

- Brasileiros?

- Sim! - todos falaram em uníssono.

- Que bom encontrar conterrâneos!

- De onde o senhor é? - perguntou Gustavo.

- São Paulo.

- Nós também!

- Capital?

- É! Somos ali da Mooca!

- Jura?! Eu também nasci e me criei na Mooca!

- Nossa, quanta coincidência!

- Com certeza, é muita coincidência! Muito prazer, Oswaldo Campanela Medina!

Olívia e Gustavo pararam de súbito, atônitos. Gustavo o fitou mais de perto, e exclamou:

- Santo Deus! Tio Oswaldo, é o senhor?!

- Gustavo?! Olívia?! Como vocês estão enormes!

- Ele é tio de vocês? - perguntou Cleto.

- Sim! - respondeu Olívia - É irmão da nossa mãe!

- Nossa, há quantos anos!

- Nem me fale, meu filho... A idade chegou para mim, com atraso, mas com força...

- O senhor está com quantos anos, tio Oswaldo?! - perguntou Olívia.

- Noventa e três anos! Mas ainda viajo que é uma beleza!

- Sozinho?!

- Nunca tive com quem viajar, então escolhi a solidão.

- O senhor não tem medo?!

- Eu vou morrer onde eu tiver que morrer. Seja em Nova York, seja em Paris, seja em Bali,... Quando a morte vem, não podemos escapar dela.

A família saiu do Winter Garden Theatre, e se dirigiu, por sugestão de Oswaldo, ao café que havia na estação de metrô ali perto. Uma vez lá dentro, cada um fez seu pedido, e todos conversavam animadamente. Ao longo da conversa, Gustavo se virou para Oswaldo, e disse:

- Tio, o senhor se lembra do presente que o senhor me deu naquele Natal que passamos lá em casa?

- Claro que sim! Foi um LP do ABBA!

- Sabe, tio? Aquele disco mudou a minha vida! Para sempre!

- O ABBA muda vidas, porque o ABBA é indiscutível. Não há quem não se divirta com as músicas deles.

Gustavo ficou em silêncio, contemplativo, e demorou para responder:

- Obrigado, tio Oswaldo... O senhor mudou a minha vida com aquele disco...

- Aquele disco mudou a minha vida também.

- Como assim?

- Eu escolhi ser sozinho depois de escutar o "Super Trouper".

- Por quê?

- Porque nada me faria mais feliz do que ter meus discos como eternos companheiros de vida. A música faz parte de mim, e eu não vivo sem oxigênio nem sem música.

- Ninguém vive sem música, tio Oswaldo! - sentenciou Roberta, filha de Gustavo e Raquel.

A voz de uma criança é mais poderosa do que a voz de um povo.

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