sábado, 4 de julho de 2015

Peça "Macbê: Sangue Chama Sangue" - Apresentação de 04/07/2015

A obra de William Shakespeare é vasta e eterna, sempre atual mesmo sendo tão antiga. Encenar suas peças teatrais é sempre um desafio para quem é do meio cênico, mas suas mensagens são claras até para o mais leigo dos homens. Nessa noite fria de julho, assisti à peça "Macbê: Sangue Chama Sangue", com direção de Felícia Johansson - trabalho de diplomação do primeiro semestre de 2015 do curso de Artes Cênicas da Universidade de Brasília (UnB). A montagem faz parte da programação do 59º Cometa Cenas, festival de peças teatrais do curso de Cênicas da UnB, e o grande motivo de eu ter ido a este espetáculo foi o fato de minha querida amiga Anna Salles ("Rapsódia na Vila do Ooh", "Infelizes Para Sempre") estar na turma de formandos que estava no palco.

Créditos: Larissa Souza / Flickr

A história original de "Macbeth" não é desconhecida do grande público: Macbeth e Banquo são generais do exército escocês e, em uma noite na floresta, são abordados por três bruxas que lhe fazem previsões sobre o futuro: Macbeth será rei; Banquo não será rei, mas seus filhos serão; e Banquo, apesar de menos importante, será mais poderoso do que Macbeth. Intrigado com o ocorrido, Macbeth relata a estranha situação à sua esposa, Lady Macbeth, e juntos eles planejam o assassinato do rei e a ascensão de Macbeth ao poder. A partir disso, uma série de tragédias e de acontecimentos tenebrosos cercarão aquelas vidas. Em "Macbê", temos a mesma estrutura básica da peça original, mas com algumas modificações/modernizações que ora provocam risadas, ora provocam calafrios na plateia.

Créditos: Larissa Souza / Flickr

A peça começa com o breu; de iluminado, apenas os rostos das bruxas, por conta da tela de seus smartphones, que conversam entre si via WhatsApp. Sim, você leu direito. Em seguida, o encontro de Macbeth, Banquo e as bruxas ocorre durante um inusitado programa de auditório, apresentado por uma figura um tanto quanto excêntrica e simplesmente hilária. A mistura de linguagens vitorianas e contemporâneas pode soar estranha de início, mas acabam por ser um elemento de identificação do público para com as tragédias dos personagens. O cenário é simples e minimalista, mas o trabalho de expressão corporal dos atores e atrizes em cena é mais do que suficiente para passar o recado. Por conta do número reduzido de personagens em comparação ao número de pessoas no elenco, seus intérpretes são múltiplos: Macbeth é interpretado por dois atores, e Lady Macbeth, por três atrizes (Anna Salles é uma delas). Os diálogos seguem a estrutura original de Shakespeare, sendo os monólogos os grandes momentos de destaque de cada ator. Salles está esplêndida nas cenas de Lady Macbeth, e seu monólogo que antecede sua morte é de fazer doer o mais duro dos corações.

Créditos: Larissa Souza / Flickr

De forma geral, "Macbê: Sangue Chama Sangue" é um belo tributo à obra de Shakespeare e um lindo projeto de conclusão de curso para a turma de formandos. Todo o elenco e a equipe técnica estão de parabéns por este maravilhoso espetáculo, e desejo a todos uma bem-sucedida graduação no curso de Artes Cênicas!

Créditos: Larissa Souza / Flickr

Créditos: Larissa Souza / Flickr

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