domingo, 18 de setembro de 2016

Peça "Gata em Telhado de Zinco Quente" - Apresentação de 18/09/2016

Com texto original de Tennessee Williams, "Gata em Telhado de Zinco Quente" é uma narrativa em tempo real sobre uma noite inesquecível para uma família tradicional norte-americana, com intrigas, mentiras, e verdades inconvenientes. Sem dúvida, a mais famosa adaptação da história é o filme "Gata em Teto de Zinco Quente" (1958), dirigido por Richard Brooks, e estrelado por Elizabeth Taylor e Paul Newman - um icônico trabalho dramático de Taylor que, com sua natural explosividade, toma para si a personagem de Maggie "A Gata".

Créditos: YouTube

Na nova montagem brasileira do texto de Williams, quem dá as cartas é Bárbara Paz, que faz de sua Maggie uma representação farsesco-dramática do humor ácido e corrosivamente autodestrutivo. Aliás, o texto do americano não é novidade para o fiel público brasileiro do teatro: várias montagens famosas já foram realizadas diversas montagens de sucesso, sendo a mais recente dirigida por Moacyr Góes e estrelada por Vera Fischer e Floriano Peixoto, em 1998. Na montagem atual, temos em cena, além de Paz, talentos da estirpe de Zécarlos Machado, Augusto Zacchi, André Garolli, Noemi Marinho, e Fernanda Viacava - todos sob a batuta de Eduardo Tolentino de Araújo.

Créditos: Blog do Arcanjo - UOL/ Ronaldo Gutierrez

A história de "Gata em Telhado de Zinco Quente" mostra a comemoração dos 65 anos de idade de Harvey "Paizão" Pollitt, um famoso fazendeiro dono de uma grande fatia de terra, e a reunião da família Pollitt, que guarda, sob as vestes da moral e dos bons costumes, muito chorume sentimental. Brick Pollitt é um ex-jogador de futebol americano que, depois do suicídio de seu melhor amigo, Skipper, se afundou na bebida e já não suporta mais sua esposa, Maggie. Ela, por sua vez, é uma sedutora mulher, que tem o grande defeito de ser perdidamente apaixonada por Brick, mas que guarda mágoa de ter se intrometido na amizade dele com Skipper.

Créditos: Blog do Arcanjo - UOL/ Ronaldo Gutierrez

O irmão de Brick, Gooper Pollitt, é um advogado medíocre e que leva uma vida igualmente medíocre ao lado de sua insuportável esposa Mae e seus cinco filhos (Mae está grávida do sexto). Gooper e Mae, ao saberem, antes do próprio "Paizão", que o tumor dele é maligno e já está em estado de metástase, se infiltram na casa do velho fazendeiro e começam a armar um plano para ficarem com toda a fortuna, deixando o bêbado Brick de fora do testamento do pai. A "Mãezona", Ida Pollitt, é uma extravagante perua, que sempre lutou pelo amor do marido, mas nunca conseguiu ser retribuída. O "Paizão", crente de que não tem câncer, se mostra um homem insensível e rancoroso com sua família, mas grato ao casal homossexual de fazendeiros que o acolheu quando mais jovem e que o ajudou a se tornar o ricaço que é hoje. No entanto, sua relação com seu caçula Brick é bem complicada: ambos são muito orgulhosos, e não conseguem dar o braço a torcer para se tornarem amigos naquele momento de fragilidade de ambas as partes.

Créditos: Em Neon/ Ronaldo Gutierrez

Todos em cena estão muito bem, mas vale destacar Bárbara Paz - que entrega uma personagem luxuriosa e cegamente devotada a um homem que nunca a amou, e que, mesmo sabendo que Brick e Skipper eram mais do que amigos, mas nunca conseguiram levar adiante aquele relacionamento enrustido, Maggie foi em frente na luta pelo amor jamais correspondido por Brick - e Zécarlos Machado - que faz de seu "Paizão" uma catarse cênica de proporções inimagináveis, posto que seu personagem, sendo desbocado e rude, consegue transitar com leveza entre o drama e a comédia, seja em suas tiradas ácidas, seja nas cenas de diálogo com o filho Brick, o preferido e o odiado.

Créditos: O Cabide Fala/ Divulgação

O único porém, contudo, é a duração da peça - ainda que seja uma história que prenda a atenção, duas horas e meia de espetáculo é um tanto impetuoso tanto para o elenco quanto para o público, visto que há cenas demasiadamente longas. No entanto, a peça tenta seguir fielmente o premiado texto original de Tennessee Williams, escrito na década de 1950, o que talvez justifique o ritmo desacelerado da narrativa cênica. Sem dúvida, um espetáculo que vale o ingresso!

Cartaz do filme de 1958, com Elizabeth Taylor e Paul Newman. Créditos: Wikipédia/ Divulgação

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