Créditos: Teatro UNIP
Com apenas quatro pessoas em cena, a peça se basta para contar a confusa, porém comum, vida de dois casais que se tornam vizinhos: José e Jennifer, um casal que mal se fala e mal se olha nos olhos depois de José ser acometido por uma rara doença degenerativa, e João e Pony, que acabaram de se mudar para uma casa alugada e têm uma vida bem mais animada do que seus vizinhos. No entanto, ao longo da história, percebe-se que João tem um motivo mais específico para ter se mudado para aquela região serrana e interiorana, do qual Pony não tem conhecimento algum - nem foco para conseguir perceber os sinais do marido.
Créditos: Miguel Arcanjo Prado
"Os Realistas", à primeira vista, pode parecer bem confusa - além do texto truncado de referências a serem esclarecidas só depois da metade da peça, algumas cenas ocorrem concomitantemente sem distinguir cenários - mas é um excelente exemplo de como uma peça pode falar de temas tão delicados, como a demência precoce, sem fazer um dramalhão no estilo das telenovelas mexicanas. Além disso, os atores em cena proporcionam uma experiência intrínseca - tendo sido preparados por Cristina Moura na questão de preparação corporal e de movimento, o grupo se mostra maleável em seus personagens e insanos conforme pede o roteiro.
Créditos: Acessibilidade, Saúde e Informação/ Divulgação
A direção de Guilherme Weber, no entanto, tem um único defeito: talvez no intuito de não querer se gabar de tantas atribulações, o diretor tira demais o ator de cena, e acaba por perder um pouco a referência de protagonismo - sim, ele é o protagonista, mas essa ausência em cena só nos faz perceber isso depois de algum tempo já decorrido do espetáculo. Em suma: "Os Realistas" é uma peça imperdível para quem curte um teatro mais "cabeça", mas recomendo assistir mais de uma vez para pegar todas as referências e pistas do texto - eu, se pudesse, veria novamente, certamente, mas a temporada no Teatro UNIP se encerra hoje.
Créditos: Teatro Em Cena
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