sábado, 29 de outubro de 2016

Vaca Profana, A Dona das Divinas Tetas

Olá, pessoas!

Aproveitando uma breve pausa na minha corrida existência, decidi hoje, subitamente, fazer um post em homenagem à uma das letras de música mais intrigantes e divertidas do rock brasileiro. Escrita por Caetano Veloso, e gravada por Gal Costa no álbum "Profana", em 1984, a canção "Vaca Profana" é um emaranhado de referências à cultura pop e aos grandes nomes da avant-garde europeia, podendo ser analisada sob os mais diversos prismas. A análise mais interessante que li dessa música vem do blog "Ao Correr da Pena", de Fernando Medeiros - clique aqui e leia - porque ele pega os mínimos detalhes do contexto histórico e biográfico da letra e mostra as diversas faces que a letra pode adquirir.

Capa do álbum "Profana" (1984), de Gal Costa. Créditos: Arquivo pessoal

Sem dúvida, além da letra impressionante de Veloso, a voz de Gal Costa é um deleite extra para os grandes fãs de música brasileira. Considerada uma das mais afinadas vozes do país, Costa já tem extensa carreira musical e continua trilhando um caminho estrelado - depois de um tempo no ostracismo midiático, mas sempre produzindo, Gal voltou aos holofotes em 2011, ao lançar o álbum "Recanto", com composições dadas de presentes à ela por Caetano Veloso. Desde então, Gal voltou a lotar casas de show Brasil afora e, como vocês, leitores do Música Na Vida, puderam atestar na resenha do show dela em que fui - leia aqui a resenha - continua com tudo em cima.

O criador e a criatura: Caetano Veloso cantando "Vaca Profana" no disco ao vivo "Totalmente Demais" (1986).

Bem, chega de delongas! Curtam a letra abaixo, e aproveitem para ouvir e cantar junto com o vídeo abaixo!

Abraços,
Caio César.



Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Escrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona de divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas

Segue a "movida madrileña"
Também te mata Barcelona
Napoli, pino, pi, pau, punks
Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los "puretas"

Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, Andaluz
Mas do que tive em Tel-Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista
Meu mundo thelonius monk's blues
Mas em composição cubista
Meu mundo thelonius monk's blues
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha alma
Nada de leite mau para os caretas

Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo
No mundo, um grande amor perdi
Caretas de Paris, New York
Sem mágoas, estamos aí
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas estamos aí
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas

Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida que é "meu bem, meu mal"
No mais, as "ramblas" do planeta
"orxata de xufa, si us plau"
No mais, as "ramblas" do planeta
"orchata de chufa, si us plau"
Ê, ê, ê, ê, ê,
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas

La mala leche para los "puretas"
Nada de leite mau para os caretas
E o leite mau na cara dos caretas
Chuva do mesmo bom sobre os caretas
E o resto inunde as almas dos caretas

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