Contexto histórico do filme "Moulin Rouge - Amor em Vermelho"

Olá, pessoas!

Estou com muita saudade de postar aqui no blog mas, como vocês já sabem, estou em um semestre muito louco e insano e não está dando tempo de fazer nada a não ser estudar e estudar! Contudo, hoje trago para vocês duas novidades deveras interessantes... Bom, para começar, devo anunciar formalmente que Meu Amor Partiu, o mais novo projeto audiovisual do Música Na Vida, estreia oficialmente no final de março!!! Sim, finalmente, depois de quase três anos gestando este projeto, o meu terceiro curta-metragem será lançado! Ainda não decidi o dia exato da estreia, mas garanto que vocês, prezados leitores do Música Na Vida serão os primeiros a saber!!!

Teaser do curta Meu Amor Partiu, novo projeto audiovisual do Música Na Vida

A segunda novidade é este texto que vem a seguir aqui no post, que se trata de um breve texto sobre o contexto histórico em que se passa a história do filme "Moulin Rouge", cuja adaptação teatral, escrita por Igor Forgeron, está em curso no momento e da qual faço parte. Já estou com o roteiro de "Moulin Rouge - Os Filhos da Revolução" em mãos, e já sei que vai ser a melhor coisa do meu 2017! Estamos atualmente em fase de estudos para a peça, e este texto faz parte de uma série deles que pretendo escrever ao longo das próximas semanas, conforme formos avançando na pesquisa. Não sei, contudo, a frequência com que os postarei aqui no Música Na Vida, por conta da minha agenda atribulada deste semestre.

"Children of the Revolution", originalmente dos Scorpions, que foi regravada para a trilha sonora do filme "Moulin Rouge - Amor em Vermelho" por Bono, Gavin Friday e Maurice Seezer

Espero que gostem do texto, e não deixem de ficar de olho aqui no Música Na Vida e nas redes sociais do blog para ver quando sairá Meu Amor Partiu!

Abraços,
Caio César

"Lady Marmalade", originalmente de Patii LaBelle, que foi regravada para a trilha sonora do filme por Christina Aguilera, Lil' Kim, Mýa e P!nk

"Moulin Rouge – Amor em Vermelho" é um filme australiano e estadunidense, lançado mundialmente em 1º de junho de 2001, tendo sido anteriormente exibido no Festival de Cannes, na cidade francesa, em 9 de maio, e tido sua estreia na Austrália em 24 de maio. O diretor, produtor e co-roteirista da película é o australiano Baz Luhrmann, famoso por suas obras cinematográficas "Romeu + Julieta" (de 1996, estrelado por Leonardo DiCaprio e Claire Danes) e "Austrália" (de 2008, estrelado por Hugh Jackman e Nicole Kidman – esta, curiosamente, a protagonista de "Moulin Rouge" também). Na 74ª edição do Academy Awards, conhecido popularmente como "Oscars", o filme havia sido indicado a oito prêmios, incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz (Nicole Kidman), porém levou apenas duas estatuetas – Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino. No entanto, deixou sua marca na história da premiação, uma vez que era a primeira vez em dez anos que um musical havia sido indicado para a categoria de Melhor Filme – o anterior havia sido a animação dos estúdios Disney "A Bela e a Fera" (1991).

Monólogo de abertura da 74ª edição dos Academy Awards, apresentado por Whoopi Goldberg. A apresentadora entra pelo teto do teatro, ao melhor estilo Satine, a personagem de Nicole Kidman em "Moulin Rouge".

A história de "Moulin Rouge" se passa entre os anos 1899 e 1900, no 18º arrondissement de Paris, onde se localiza o famoso cabaré burlesco, aos pés do monte Montmartre. O Moulin Rouge em si, na linha temporal, havia sido inaugurado dez anos antes, em 1889, por seus primeiros donos, Joseph Oller e Charles Zidler. Oller era um catalão que chegou a Paris com seus pais aos dois anos de idade, e fez da cidade o campo aberto para seus empreendimentos escusos – antes do Moulin Rouge, Oller foi responsável pela criação do Parimutuel, um sistema ilegal e revolucionário de apostas, que levou à sua prisão em 1874 (no entanto, o Parimutuel foi legalizado anos depois, em 1891), e pela construção de diversas salas de concerto por toda Paris, como a Fantaisies Oller, a La Bombonnière, o Théâtre des Nouveautés, o Nouveau Cirque e as Montagnes Russes. No entanto, foi com o Moulin Rouge, e com o Paris Olympia (anteriormente conhecido por Montagnes Russes, e atualmente por Olympia Bruno Coquatrix), que Oller alçou o tão almejado sucesso entre os seus convivas da alta sociedade parisiense.

Montagem em cima da música "Elephant Medley", da trilha sonora de "Moulin Rouge", com as versões originais das músicas utilizadas no medley

Charles-Joseph Zidler, por sua vez, sempre fora um empresário dedicado ao ramo do empresariado – era ainda um adolescente quando montou seu primeiro negócio, uma pequena loja de sapatos. Logo se tornou um importante nome do entretenimento, e fundou obras monumentais, como o Hipódromo da Ponte de l'Alma (famosa ponte parisiense que cruza o rio Sena, e infame por ter sido cenário do trágico acidente que matou a Princesa Diana e seu namorado á época, Dodi Al-Fayed), o café-concerto dos Jardins de Paris, e, junto de Joseph Oller, as Montagnes Russes (que viriam a se tornar o Olympia Bruno Coquatrix) e o Moulin Rouge.

"Zidler's Rap", o medley de músicas famosas que Zidler utiliza para apresentar as "Diamond Dogs", ou seja, as dançarinas de can-can do Moulin Rouge.

A origem do nome "Le Moulin Rouge" se deve à existência, na época, de mais de trinta moinhos nas encostas de Montmartre para o processamento de grãos e outros suprimentos alimentícios. Sua arquitetura era mais do que moderna – era extravagante, exagerada, suntuosa, totalmente avant-garde. No cabaré, seus primeiros anos se dedicaram a shows burlesco-circenses, operetas, entre outros tipos de espetáculos opulentem para os cavaleiros endinheirados que frequentavam o quartier mais badalado de Paris no início do século XX. No entanto, o sonho foi consumido pelas chamas em 27 de fevereiro de 1915, quando um grande incêndio destruiu o Moulin Rouge. Foi apenas em 1921, agora sob a batuta de Francis Salabert, que os trabalhos de reconstrução começaram. Na sua segunda fase, o Moulin Rouge trouxe o teatro de revistas e as vedetes – as mais famosas, como Mistinguett, Gina Palerme, ou Jeanne Aubert, eram tratadas como estrelas internacionais, ganhando polpudos cachês e sendo objeto de desejo de dez entre dez homens. Ao longo dos anos a casa passou por diversas transformações de espaço e, atualmente, é um espaço de espetáculos artísticos e shows de cantores franceses e internacionais.

"Diamonds Are A Girl's Best Friend", originalmente interpretada por Marilyn Monroe no filme "Os Homens Preferem as Loiras", e que foi regravada para a trilha sonora de "Moulin Rouge" por Nicole Kidman,  Jim Broadbent, Lara Mulcahy, Caroline O'Connor e Natalie Mendoza

Localizado no número 82 do Boulevard de Clichy, no 18º arrondissement de Paris, o Moulin Rouge (do francês, "Moinho Vermelho") foi uma das mais benquistas casas de entretenimento do início do século XX na cidade de Paris, e um dos grandes polos da boemia da Belle Époque – período este marcado pelo progresso social, econômico , tecnológico e político na França e na Bélgica, cuja duração vai do fim do século XIX até o início da Primeira Guerra Mundial. A Belle Époque trouxe o espírito boêmio da juventude, que ansiava se ver livre das amarras sociais do passado e trazer alegria e cores após o sofrimento trazido pela Grande Depressão de 1873 a 1896.

"La Complainte de la Butte", escrita por Jean Renoir e originalmente interpretada por Cora Vaucaire (no filme "French Can Can", de 1955, ao qual corresponde o vídeo acima, a atriz Anna Amendola dubla a canção na voz de Vaucaire), e que foi regravada para a trilha sonora do filme "Moulin Rouge" por Rufus Wainwright (infelizmente a música só aparece instrumental no filme)

Os jovens visavam a romper paradigmas e colocavam nas artes as suas mais profundas marcas. Deste movimento boêmio, surgiram figuras icônicas para a história de Paris, como pintores – Auguste Renoir, Claude Monet, Paul Cézanne, Vincent Van Gogh, Pablo Picasso -, arquitetos – Hector Guimard, Émille Gallé, Jules Lavirotte -, músicos – Claude Debussy, Ravel, Igor Stravinsky, Déodat de Séverac -, entre outros artistas das mais diversas áreas. Dentre eles, destacou-se pela vanguarda de seus trabalhos o pintor e ilustrador Henri de Toulouse-Lautrec, que trazia em suas obras o inovador movimento japonista, com fortes influências do Oriente, e que foi a grande sensação das Exposições Internacionais de 1889, com seus cartazes e pôsteres irreverentes. Toulouse-Lautrec era uma figura diminuta e claudicante, mas sua imaginação era enorme e sua criatividade, infindável. Suas obras refletem o melhor da boemia de Montmartre e, por isso, foi convidado por Oller e Zidler para confeccionar uma série de pôsteres de divulgação do recém-inaugurado Moulin Rouge, um dos maiores símbolos do espírito de liberdade enunciado pelos revolucionários da Belle Époque.

"Rhythm of the Night", escrita por Diane Warren e originalmente interpretada por DeBarge, e que foi regravada por Valeria Andrews para a trilha sonora do "Moulin Rouge" - importante não confundir com "The Rythm of the Night", da cantora ítalo-brasileira Corona