domingo, 17 de dezembro de 2017

Peça de teatro musical "We Will Rock You - O Som da Liberdade" - Apresentação de 16/12/2017, 20h

Olá, pessoas!

Trago para vocês a resenha crítica da peça "We Will Rock You - O Som da Liberdade", nova produção de teatro musical da Actus Produções - espero que gostem! Gostaria de lembrá-los que as resenhas são, sim, pessoais, mas também são críticas de um jovem entusiasta das artes que ainda está aprendendo sobre os meandros deste metiér. Com isso as críticas estão em constante evolução, mas sempre procurando serem justas e respeitosas, não objetivando jamais ferir nenhum dos envolvidos nas produções resenhadas para o blog Música Na Vida mas, sim, fazer críticas edificantes a estes.

Créditos: Facebook - Actus Produções e Entretenimento

Sem mais delongas, deliciem-se agora com este texto e compareçam às sessões de amanhã de "We Will Rock You - O Som da Liberdade" - ainda há ingressos disponíveis para ambas as sessões, e basta entrar em contato com a produção através do Facebook deles para obter o seu!


Abraços,
Caio César Mancin

Créditos: Facebook - Actus Produções e Entretenimento

É sempre um bálsamo para a alma estar em contato com boas produções de teatro musical - e Brasília é, sem dúvida, um forte polo de tal gênero, sofrendo apenas de dois problemas que o impedem de ser tão forte quanto São Paulo ou Rio de Janeiro: a falta de investidores dispostos a realizar longas temporadas de peças em teatros da cidade (enquanto um musical em São Paulo chega a ficar quatro meses em cartaz, geralmente de quinta a domingo,em Brasília as peças fazem um único fim de semana, com sessões duplas, para dar conta da demanda que, não raramente, esgota os ingressos muito rápido) e a indisponibilidade de bons equipamentos de áudio para a realização destas (microfones headset, equalizadores, cabeamento, iluminação, entre outros, sofrem com a pouca quantidade e à má conservação destes pelos poucos detentores de tais equipamentos, que os alugam para as produções locais sem dar a devida assistência técnica para reparar danos nestes). Por isso, ao sair da segunda sessão do dia da montagem acadêmica de "We Will Rock You - O Som da Liberdade", produzida pela Actus Produções (da qual já assisti a diversos espetáculos, e na qual tive o privilégio de participar da recente montagem de "Moulin Rouge - Os Filhos da Revolução"), fiquei bem satisfeito de saber que, sim, estamos caminhando, ainda que a passos lentos, para um futuro brilhante no que concerne ao teatro musical na capita federal.

Créditos: We Will Rock You - Site Oficial/ Actus Produções

Com roteiro de Igor Forgeron, direção geral de Élia Cavalcante, direção de coro de Paulo Santos, direção vocal de Pedro Souto, e direção coreográfica de Wesley Messias, "We Will Rock You - O Som da Liberdade" conta uma história futurista em um cenário distópico: no ano de 2317, não existe mais música nem instrumentos musicais - apenas celebridades geradas digitalmente - e a terra de iPlanet foi totalmente controlada pela Globalsoft, uma corporação que aprisionou todos os seus habitantes em uma realidade tirânica e sem a alegria proporcionada pela música. Fora dos limites de iPlanet estão os rebeldes, que conseguiram escapar do controle da Globalsoft e que aguardam ansiosamente pela concretização da profecia previstas nas Escrituras - um jovem salvador chegaria com a Palavra dos Deuses e libertaria todo o povo de iPlanet das garras do mal. Surge, então, Galileo Figaro (Pedro Lacerda), um jovem desajustado para os padrões robóticos de seu povo por ser constantemente torturado por vozes dentro de sua mente, que lhe gritam frases e riffs de guitarra. Galileo é preso pela Killer Queen (Thamiris Lima), a tirana rainha de iPlanet, até ser solto por uma médica curiosa e contra o sistema vigente - ela não sabe o próprio nome, então ele a nomeia de Scaramouche (Bárbara Albuquerque), e os dois seguem rumo ao autoexílio de iPlanet, no intuito de entender o que dizem as vozes na cabeça de Galileo.

Créditos: We Will Rock You - Site Oficial/ Actus Produções

Já conheço bem o trabalho de grande parte do elenco dessa produção, mas faço questão de ressaltar o destaque de alguns: Pedro Lacerda (Galileo) entrega um personagem genuíno e notável, com uma voz bem adequada ao repertório do Queen, ainda que com alguns tropeços nas notas mais agudas; Bárbara Albuquerque (Scaramouche) traz uma personagem divertida e com uma rebeldia quase naïve, com uma voz doce e forte nas medidas certas; Alessandra Maraschino (Pop) está espetacular, com uma dramaticidade quase táctil e com uma voz sempre rasgada e furiosa - sem dúvida, uma atriz completa e de estirpe; Arthur Araújo (Janis) está cômico e dramático na medida certa, porém sua voz, sempre tão límpida, estava aquém de seu potencial e sua atuação, exageradamente caricata para o personagem que interpreta; Isis Monteiro (Ozzy) estava, mais uma vez, arrasando com uma personagem forte e destemida, e sempre com uma voz imensa, preenchendo cada centímetro daquela sala de concertos da Escola de Música de Brasília (EMB); Bel Ollaik (Tera Byte) e Rafaela Dirani (Kylo Byte), junto com as outras duas ajudantes da Killer Queen, estavam impecáveis - Dirani, inclusive, está bem mais solta no palco e sua voz se faz presente com força total; Karine Cruvinel (Meat) estava um desbunde, como sempre - seu timbre rasgado é acertado em todas as canções, e sua atuação é sempre perfeita, fazendo par romântico com Leonardo Avelar (Brit), que também está sensacional como um rebelde que tenta, a todo custo, proteger Galileo dos perigos que o aguardam no caminho para a libertação do povo de iPlanet; Renan Sousa (Crawler) é um bom ator, mas seu canto ainda pode ser aprimorado - faltou-lhe pegada no solo do capanga da Killer Queen; e, por fim, Victor Meira (Khasshogi) traz um comandante frio e sanguinário, sempre com uma voz forte e presente - destaque para seu agudo impressionante, e acertado, ao fim de "Seven Seas of Rhye".

 
Créditos: We Will Rock You - Site Oficial/ Actus Produções

É sumariamente importante dizer que foram poucos os problemas de microfonia neste espetáculo, porém incomodou-me muito o som da banda - sempre liderada pelo sempre impecável Rodrigo Karashima - estar bem mais alto do que as vozes dos atores/cantores - em certas cenas onde personagens tinham diálogos durante a música, era incompreensível o texto por eles ditos. No restante a peça estava sublime: Élia Cavalcante, mais uma vez, realiza um trabalho de artesã com o elenco e traz ao público um espetáculo grandioso e atual, com críticas moderadas à bagunça na política brasileira e com uma visão romântica da luta do bem contra o mal, o que só abrilhanta ainda mais a apresentação e o roteiro. Sem dúvida, um espetáculo para se rever - vale a pena conferir o segundo elenco da peça, que conta com algumas alterações em papeis principais!


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