domingo, 10 de dezembro de 2017

Show "Turnê 2017", do Daniel Boaventura - Apresentação de 09/12/2017

Certos cantores não precisam de muito para serem notáveis - bastam apenas boas músicas, uma voz poderosa e uma banda afiada. Daniel Boaventura é um desse tipo que se garante, e seu show é um primor em todos os quesitos anteriormente citados. O repertório de crooner, com standards do jazz, canções românticas de primeira linha e clássicos dançantes das mais diversas décadas, é exato para o público que o acompanha - em sua maioria, mulheres na faixa dos 50 anos, acompanhadas, muitas vezes, de seus maridos e/ou filhos; a voz de barítono de Boaventura é um deleite para os ouvidos e preencheu todo o Auditório Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães com classe e elegância; e a banda que acompanha o intérprete é simplesmente impecável, a começar pela presença magnânima de Claudio Infante na bateria, e passando por todos os outros músicos da maior estirpe. Sem dúvida um dos melhores entertainers brasileiros, Boaventura está em plena forma e trouxe à capital federal seu novo show, cujo DVD foi gravado em outubro último, no México, conforme contou o artista entre uma música e outra. Com um repertório sensacional ele domina a plateia e, com seu carisma, cativa fãs das mais distintas faixas etárias - é possível ver, entre as muitas mulheres mais velhas e seus maridos, muitos casais jovens e muitos adolescentes cantando canções da época de seus avós.



O show começou com cerca de quinze minutos de atraso, como é de praxe em quase todos os espetáculos que passam por Brasília, e já com um clássico indelével: "I've Got You Under My Skin" (Cole Porter, 1936). Em seguida Boaventura traz uma animada e apaixonada versão de "Would I Lie To You" (Charles & Eddie, 1992), um R&B delicioso. Logo após o intérprete faz uma introdução falada, no melhor estilo Barry White, e canta "I'd Rather Hurt Myself (Than To Hurt You)" (Randy Brown, 1978). Então o artista homenageia o cinquentenário do álbum colaborativo de Tom Jobim e Frank Sinatra, que ajudou a internacionalizar a bossa nova e a fazer do Brasil uma referência musical unânime mundialmente, cantando as versões bilíngues de "Garota de Ipanema" e "Wave" no meio da plateia, em meio a fotos, autógrafos e carinhos com os fãs.


Poliglota, Daniel entoa um clássico da música latina, que me fez chorar lembrando de minha avó Shirley (salve Lita!): "La Barca" (Roberto Cantoral, 1957), que muito escutei na regravação icônica de Luis Miguel, datada de 1991. Em seguida um clássico do pop latino mais recente, "Corazón Partío" (Alejandro Sanz, 1997), trouxe a plateia abaixo, com direitos a muitos gritinhos de fãs ensandecidas. Logo mais Boaventura cantou seguidamente duas canções bilíngues - dessa vez, em espanhol e inglês: "¿Quien Será?" (Pablo Beltrán, 1953), cuja versão em inglês se chama "Sway" (Dean Martin, 1954); e "Quizás, Quizás, Quizás" (Bobby Capó, 1947), cuja versão em inglês é "Perharps, Perharps, Perharps" (Desi Arnaz, 1948). O cantor, então, convida os casais para um momento a sós, no escurinho da plateia, enquanto interpreta "It's Now Or Never" (Elvis Presley, 1960) e "You'll Never Find Another Love Like Mine" (Lou Rawls, 1976).


Em seguida abriu-se a pista de dança na frente do palco e, com toda a plateia a seus pés, Daniel começa o set mais animado do show com "Can't Stop The Feeling" (Justin Timberlake, 2016), e segue com "I Will Survive" (Gloria Gaynor, 1978), "A Little Respect" (Erasure, 1988), "Moves Like Jagger" (Maroon 5 e Christina Aguilera, 2011), "September" (Earth, Wind And Fire, 1978), "Celebration" (Kool & The Gang, 1980), e encerrando com "Dancing Queen" (ABBA, 1976).


Mal saiu do palco, Boaventura já retornou, dizendo-se sem paciência para o "charminho do bis", e engatou mais uma série de hits amados por todos: "New York, New York" (Liza Minnelli, 1977), "Can't Take My Eyes Off You" (Frankie Valli, 1967), "O Meu Sangue Ferve Por Você" (Sidney Magal, 1977) e, para terminar de vez o espetáculo com cerca de uma hora e meia de duração, "Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)" (Tim Maia, 1971).

 
De forma geral o show de Daniel Boaventura é sensacional e traz na seleção de repertório, na voz aveludada e poderosa do crooner e na banda da mais alta qualidade os grandes trunfos para o sucesso desses espetáculo que, à primeira vista simples, é um deleite audiovisual e diverte a todas as faixas etárias possíveis. Sem dúvida assistiria inúmeras vezes - por isso espero ansioso o retorno desse artista à capital do país!

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