Estou com as malas (quase) prontas para voltar ao Brasil – e como me faz falta o meu país! Ainda que, aqui na França, eu tenha tido uma excelente experiência, a qual levarei por toda a vida comigo, estou com saudade da minha casa – creio que só quem já passou tanto tempo fora assim vai compreender minha ansiedade!
Opéra de la Comédie, em Montpellier/França. Créditos: Caio César Mancin/Arquivo pessoal
Bem, fora esse meu momento de desabafo, tenho uma super novidade para todos os seguidores do Música Na Vida – e, sim, tem tudo a ver com os Oscars 2016! Para quem não sabe – ou não se lembra -, o Música Na Vida, através do nosso Twitter @musicanavidabsb, faz uma cobertura completa das principais premiações do cinema e da música; logo, não poderíamos ficar de fora dos Academy Awards, mais conhecido como os Oscars! Em 2016, a cerimônia acontecerá no dia 28 de fevereiro, e será apresentada pelo comediante e ator Chris Rock – conhecido do grande público brasileiro pelo seriado “Todo Mundo Odeia O Chris”, que conta uma versão ficcional da infância e adolescência de Rock. Como sempre, o Música Na Vida estará presente, via Twitter, falando de todos os detalhes da festa, mas experimentarei uma coisa nova desta vez... Ficou curioso? Então confira o que vem por aí!
Chris Rock, apresentador da cerimônia dos Oscars 2016. Créditos: The Oscars - Official Website
Estou fazendo uma grande maratona para os Oscars, assistindo a todos os filmes indicados pela Academia, independente da categoria e/ou duração. Para isso, estou contando com a ajuda da nossa sempre bem-vinda colaboradora bissexta Amanda Brants, que está indo diariamente ao cinema comigo para conferir todos os aspectos de cada filme indicado. Dessa forma, farei desta postagem um post interativo: conforme formos assistindo aos filmes, farei atualizações neste post com as novas impressões sobre cada um deles, em sua(s) respectiva(s) categoria(s). Para os filmes indicados em mais de uma categoria, então, serão escritos e publicados vários pequenos textos, cada um discorrendo sobre o ponto-chave do filme naquela categoria.
Amanda Brants e eu. Créditos: Amanda Brants/Arquivo pessoal
Com este post interativo, espero receber um feedback bem bacana de vocês, caros leitores, aqui no blog, mas não é só isso! Sim, tem mais – e, se reclamar, dobramos a meta!
Montagem: Caio César Mancin. Créditos: Canal Nostalgia/YouTube
Através do Twitter @musicanavidabsb, faremos enquetes com os nossos seguidores para debatermos os candidatos à estatueta mais cobiçada do mercado cinematográfico, até o dia da premiação (28/02). Siga-nos lá no Twitter, e também aproveite para participar do nosso bolão dos Oscars – é muito fácil participar: basta que você tenha uma conta no Twitter, siga o Música Na Vida no @musicanavidabsb, twitte o seu candidato preferido em cada categoria, e não se esqueça de mencionar o nosso perfil @musicanavidabsb, nem de usar a hashtag #Oscars2016NoMúsicaNaVida! Viu só como é simples? Não é feitiçaria – é tecnologia!
Essa é pra quem é das antigas... Quem lembra da Feiticeira, no programa "Hora H", do Luciano Huck, quando ele ainda era da Band? Créditos: O Popular
No dia da premiação, aproveite para comentar as fofocas e os ganhadores conosco, também usando nossa arrobinha @musicanavidabsb e nossa hashtag #Oscars2016NoMúsicaNaVida – além de nos divertirmos juntos, isso ajuda muito no crescimento do Música Na Vida! O ganhador do bolão será aquele que acertar o maior número de ganhadores, e o prêmio, além de ganhar um follow do @musicanavidabsb, será um CD produzido artesanalmente com todas as músicas do Top 50 do Música Na Vida, que será enviado ao ganhador depois de entrarmos em contato com este! Não perca a chance de participar!
Um dos sucessos presentes no Top 50 do Música Na Vida: "The Fall", da cantora brasileira Cibelle, presente em seu último álbum, "Unbinding".
Agora é o grande momento – vamos aos indicados? Lembrando que este post será atualizado constantemente – então, acesse o blog Música Na Vida todos os dias para conferir as novidades! Convidamos você, caro leitor, a também assistir aos filmes indicados e a participar do debate sobre estes aqui no blog e no Twitter – seja bem-vindo!
OS INDICADOS
Melhor Filme
The Big Short
Bridge of Spies
Brooklyn: a conferir
The Martian
The Revenant
Room: a conferir
Bryan Cranston, pelo filme “Trumbo”: a conferir
Créditos: Collider
Créditos: Fox Movies
Detentor de um invejável currículo cinematográfico, Matt Damon sempre buscou enfatizar que é bem mais do que um rostinho bonito. Na pele do astronauta Mark, Damon se mostra um excelente ator dramático, dosando seu sofrimento com acertadas porções de humor ácido e criativo, provando mais uma vez que sua indicação ao Oscar é justa – ele sabe o que fazer em cena, e o faz muito bem.
Leonardo DiCaprio, pelo filme “The Revenant”
Créditos: YouTube
Michael Fassbender, pelo filme “Steve Jobs”: a conferir
Créditos: GQ
Eddie Redmayne, pelo filme “The Danish Girl”
Créditos: Independent
Melhor Atriz Principal
Cate Blanchett, pelo filme “Carol”
Créditos: Collider
Brie Larson, pelo filme “Room”: a conferir
Créditos: The Movie My Life
Jennifer Lawrence, pelo filme “Joy”
Créditos: Vogue US
Sim, Jennifer Lawrence está mais uma vez indicada ao Oscar de Melhor Atriz Principal, por conta de mais um filme que ela coestrela com Bradley Cooper, e mais um filme em que ambos estão sob a claquete de David O. Russell. Apesar de a fórmula ter dado certo em “Silver Linings Playbook” e “American Hustle”, não se pode dizer o mesmo de “Joy”... Apesar de contar a história verídica de Joy Mangano, empresária norte-americana famosa na década de 1980 por conta de suas aparições em canais de televendas junto de seu Miracle Mop (um esfregão com alavanca de torção para evitar o contato da pele humana com a água suja), o filme tem um roteiro previsível, atuações pouco inspiradas, e concentra quase a totalidade do drama em tela na personagem de Lawrence – que é, sim, uma boa atriz, mas ultrapassa seus limites cênicos e se torna uma figura tresloucada e perturbada, às vezes até com um ar aparvalhado e perdido. Apesar do favoritismo que Lawrence carrega consigo, não deve ser a estrela da noite dos Oscars 2016.
Charlotte Rampling, pelo filme “45 Years”: a conferir
Créditos: The Guardian
Saoirse Ronan, pelo filme “Brooklyn”: a conferir
Créditos: Vanity Fair
Christian Bale, pelo filme “The Big Short”
Créditos: SBS Australia
Tom Hardy, pelo filme “The Revenant”
Créditos: Reel Film Chatter
Mark Ruffalo, pelo filme “Spotlight”: a conferir
Créditos: The Movie My Life
Mark Rylance, pelo filme “Bridge of Spies”
Créditos: The New York Post
Sylvester Stallone, pelo filme “Creed”
Créditos: Entorno Inteligente
É de conhecimento geral que Sylvester Stallone não é o ator mais indicado para um papel dramático, dado que seu know-how é mais focado em filmes de ação, mas Stallone retorna ao papel de Rocky Balboa, que lhe lançou ao estrelato, para mostrar a aposentadoria do ícone dos ringues de boxe. Seu desempenho em cena é razoável, porém é pouco – aliás, muito pouco para chegar a ser indicado como Melhor Ator Coadjuvante, quanto mais para ganhar nesta categoria (caso do Globo de Ouro 2016, que o premiou por “Creed”). Em termos de comparação, seria a mesma coisa que indicar Meryl Streep por sua participação em “Suffragettes”- ela aparece em duas cenas curtas e rápidas, e é só isso. Apesar do Globo de Ouro, acredito que Stallone é a zebra dos Oscars 2016.
Melhor Atriz Coadjuvante
Jennifer Jason Leigh, pelo filme “The Hateful Eight”
Créditos: Vox
Não muito conhecida do público brasileiro, mas bem célebre no mercado cinematográfico norte-americano, Jennifer Jason Leigh, no papel de Daisy Domergue, a prisioneira, em “The Hateful Eight” (ironicamente, ou não, o oitavo filme da carreira de Quentin Tarantino), está absurdamente hilária e over. Neste caso, o exagero é benéfico – sua personagem é o centro de quase toda a violência do filme, sua voz estridente e seus trejeitos explosivos são fundamentais para garantir um equilíbrio mínimo de ser a única mulher do elenco principal do filme, e, por último, a química entre Leigh e Kurt Russell (John Ruth, o Carrasco) é deliciosa e garante boas risadas em meio à sanguinolência típica dos filmes de Tarantino. É uma forte candidata à estatueta.
Rooney Mara, pelo filme “Carol”
Créditos: Vimeo
Rachel McAdams, pelo filme “Spotlight”: a conferir
Créditos: YouTube
Alicia Vikander, pelo filme “The Danish Girl”
Créditos: Direct Conversations
Sem desmerecer o trabalho primoroso de Eddie Redmayne, que segurou muito bem a dura tarefa de interpretar uma transexual, mas quem domina a cena em “The Danish Girl”é, sem dúvida, Alicia Vikander com sua Gerda Wegener. Esta personagem forte, decidida, e completamente apaixonada encontrou em Vikander a sua mais perfeita tradução – sua atuação é de tirar o fôlego, e a vontade de aplaudi-la a a cada cena é quase irrefreável. Gerda era a esposa apaixonada de Einar, e que vê seu marido se perder dentro de Lili Elbe, a persona feminina que ela ajudou a criar nele mas que sempre esteve dentro dele. Para lidar com a transição de gênero de seu marido, Gerda fez o impensável: ficou a seu lado durante todo o processo, cuidou de Lili até o fim de seus dias, e continuou a pintar seus belos e inspirados retratos até o fim da própria vida. Vikander está estupenda em cena, e sua dramaticidade encontra em Gerda seu timing certeiro.
Kate Winslet, pelo filme “Steve Jobs”: a conferir
Créditos: Collider
Anomalisa: a conferir
Com poucas falas – e estas poucas, executadas ao contrário para dificultar ainda mais a compreensão dos diálogos – “O Menino e o Mundo” traz uma sensível visão do mundo e de seus problemas pelos olhos de uma criança curiosa e perseverante. Com roteiro, direção, e animação do brasileiro Alê Abreu, o filme conseguiu a proeza de ser a primeira animação brasileira de longa-metragem a ser indicada na categoria do Oscar, e faz por onde: a história é bonita e singela, e transmite toda a mensagem sem precisar de performances dramáticas, ou mesmo diálogos. O menino, ao longo do caminho, deixa pistas do que o aguarda no futuro, mas a mensagem final de “O Menino e o Mundo” é que todos estamos inseridos dentro do ciclo da vida, e o cumpriremos independentemente de nossas escolhas e de nossos destinos. O trabalho musical dos Barbatuques é um desbunde, e também fundamental para a condução ágil e nada cansativa de um filme essencialmente mudo – digo, sem diálogos ou canções com palavras. Não deve ganhar por conta da concorrência desleal com “Inside Out” (a Pixar é uma potência inigualável deste mercado) e com “When Marnie Was There” (as produções do Studio Ghibli e de Hayao Miyazaki são impecáveis), mas é um bom pontapé para a indústria cinematográfica brasileira investir mais neste nicho: animações atraem público infantil e, por conseguinte, pais e responsáveis, aumentando, assim, o faturamento.
Inside Out
Shaun, The Sheep – The Movie: a conferir
Melhor Fotografia
Carol
The Hateful Eight
A fotografia do filme de Tarantino tem a marca do diretor: planos abertos, cores frias, e o sangue vermelho como elemento diferencial. No entanto, “The Hateful Eight” vai um pouco mais além, posto que foi inteiramente filmado em 70mm – o que permite uma visão mais ampla e panorâmica dos eventos em cena. Além de ajudar a dar mais carga dramática às cenas na neve, o filme em 70mm também permite uma ampliação estética do reduzido cenário no qual os personagens se concentram, mostrando, assim, uma visão periférica do espaço. Tem boas chances de levar o prêmio nesta categoria.
Mad Max: Fury Road
A fotografia de “Mad Max: Fury Road” é bem trabalhada e usa dos diversos tons das areias do deserto para compor uma imagem interessante, porém não é o ponto forte do filme se posto em comparação com os outros concorrentes. Além disso, o apoio maior da equipe de fotografia está na aliança com a equipe de efeitos visuais e, portanto, esta é mais computadorizada do que prática. Ainda que clame-se por renovações na Academia, um filme cuja fotografia é majoritariamente fruto de computação gráfica não é o preferido para levar a estatueta.
The Revenant
Sicario: a conferir
Melhor Figurino
Carol
Créditos: BFI
Créditos: Natela Style Consulting
The Danish Girl
Créditos: Chapter 1, Take 1
Por conta da época em que se passa o filme, o figurino permite combinações clássicas da moda europeia, além de ajudar na construção da feminilidade de Lili, protagonista da história interpretada por Eddie Redmayne. Além disso, a personagem de Alicia Vikander, que está sempre com roupas mais masculinizadas, tem no seu figurino uma representação da sua posição dentro da estrutura matrimonial – no caso, completamente distinta da então adotada à época, posto que Gerda é o eixo forte da relação. De modo geral, não é um figurino glamoroso, mas cumpre bem o seu papel em cena.
Mad Max: Fury Road
Créditos: HitFix
The Revenant
Créditos: Vanity Fair
A considerar pelo fato de que as roupas de ‘The Revenant” são, essencialmente, peles de ursos e carcaças de outros animais, a indicação a Melhor Figurino não só é um ultraje ao mundo fashion, quanto também é uma afronta a toda e qualquer organização de proteção à vida selvagem, que lutam há anos contra a glamourização das peles. Não é, em hipótese alguma, um bom exemplo de filme para estar indicado nesta categoria; o mínimo que a Academia deveria fazer para mostrar que não compactua com a carnificina animal explicitada na película de Iñárritu seria não premiá-lo por esta.
Melhor Diretor
Adam McKay, pelo filme “The Big Short”
Créditos: Papo de Cinema
George Miller, pelo filme “Mad Max: Fury Road”
Créditos: The Roosevelts
Alejandro G. Iñárritu, pelo filme “The Revenant”
Créditos: France TV Info
Lenny Abrahamson, pelo filme “Room”: a conferir
Créditos: The Guardian
Tom McCarthy, pelo filme “Spotlight”: a conferir
Créditos: Rolling Stone
Melhor Documentário de Longa Metragem
Amy
Cartel Land: a conferir
The Look of Silence: a conferir
What Happened, Miss Simone?
Winter On Fire: Ukraine’s Fight For Freedom: a conferir
Body Team 12: a conferir
Chau, Beyond The Lines: a conferir
Claude Lanzmann: Spectres of the Shoah: a conferir
A Girl In The River: The Price of Forgiveness: a conferir
Last Day of Freedom: a conferir
Melhor Edição de Filme
The Big Short
O trabalho de Hank Corwin na edição de “The Big Short” é mais do que impressionante: o editor traz cortes rápidos e entremeados com imagens estáticas e com efeitos sonoros de SFX, e acompanha, assim, a insanidade e a fluidez de pensamentos na cabeça atormentada de quem trabalha sob a pressão diária de Wall Street. Apesar da péssima atuação de Steve Carell, as cenas que refletem seu fluxo de raciocínio são muito bem esmeradas e têm forte apelo imagético, em um trabalho que reverencia o hip hop montage que Jay Rabinowitz fez mundialmente famoso em “Requiem For A Dream”. Tem fortes chances de levar a estatueta.
Mad Max: Fury Road
Chau, Beyond The Lines: a conferir
Claude Lanzmann: Spectres of the Shoah: a conferir
A Girl In The River: The Price of Forgiveness: a conferir
Last Day of Freedom: a conferir
Melhor Edição de Filme
The Big Short
Mad Max: Fury Road
A edição de “Mad Max: Fury Road”, de forma geral, é um primor da utilização de computação gráfica, e trabalha junto da equipe de efeitos visuais para produzir um corte exato, no ponto. O trabalho, porém, está aquém do entregue nos volumes anteriores da franquia do anti-herói Max (anteriormente vivido por Mel Gibson, e agora responsabilidade de Tom Hardy), e deixa a desejar quanto à integração entre roteiro e efeitos visuais. Não parece ser a opção mais adequada para levar a estatueta da categoria.
The Revenant
Spotlight: a conferir
Star Wars: The Force Awakens
Depois de muitas polêmicas e de muitos mistérios em torno da sua produção, o oitavo capítulo da saga Star Wars chegou às telonas, e trouxe consigo uma narrativa sem grandes sobressaltos, porém com efeitos especiais de arrancar o fôlego e atores em performances honrosas. O corte final do filme foi, de fato, muito bem executado, e tem, para isso, a excelente fotografia e a direção de J. J. Abrams a seu favor. Tem potencial para ganhar a estatueta nesta categoria.
Melhor Filme em Língua Estrangeira
Embrace Of The Serpent (Colômbia): a conferir
Son of Saul (Hungria): a conferir
Mad Max: Fury Road
Créditos: Business Insider
The 100-Year-Old Man Who Climbed Out The Window And Disappeared: a conferir
Créditos: Make-Up Magazine
Créditos: Movie Clips/Fandango
Melhor Trilha Sonora
Thomas Newman, pelo filme “Bridge of Spies”
Carter Burwell, pelo filme “Carol”
Ennio Morricone, pelo filme “The Hateful Eight”
Com mais de sete décadas de carreira, Ennio Morricone já foi indicado cinco vezes ao Oscar de Melhor Trilha Sonora, mas não ganhou nenhuma vez; por conta disso, recebeu em 2007 o Oscar Honorário em reconhecimento de sua contribuição para as trilhas sonoras instrumentais em filmes. No entanto, mesmo aos 87 anos de idade, Morricone volta a ser indicado pela estupenda trilha sonora de “The Hateful Eight”, o primeiro filme western que ele contribui musicalmente desde 1981 – e, melhor ainda, com grandes chances de sair vencedor. Morricone já faturou o Globo de Ouro 2016 na mesma categoria mas, como não é fluente em inglês e mora na Itália, não foi receber seu prêmio.
Jóhan Jóhansson, pelo filme “Sicario”: a conferir
John Williams, pelo filme “Star Wars: The Force Awakens”
Dono de um currículo imenso de filmes para os quais compôs trilhas sonoras, John Williams é um dos mais conceituados maestros de Hollywood. Parceiro de Steven Spielberg desde “The Sugarland Express” (1974), Williams trabalhou com o melhor amigo de Spielberg, George Lucas, na trilha sonora de todos os filmes da saga Star Wars e, mesmo com o diretor não tendo vínculo algum com “Star Wars: The Force Awakens”, tê-lo como compositor era vital para manter os fãs mais velhos da saga quanto para prender a atenção dos mais novos – algo que John Williams faz com inigualável talento. É um fortíssimo candidato a levar a estatueta em 2016 – esta é sua 50ª indicação e, se ele levar, será seu 6º Oscar de Melhor Trilha Sonora.
Melhor Canção Original
“Earned It”, de The Weeknd, pelo filme “Fifty Shades of Grey”
É minimamente curioso que uma música que invoca um clima de cabaré, presente em um filme que tem o sexo sadomasoquista como fio condutor, esteja indicada a um prêmio tão conservador quanto o Oscar de Melhor Canção Original. Entretanto, entende-se logo de cara o porquê: The Weeknd preza mais pelo ritmo e pela analogia com a história do filme do que pela letra em si, deixando “Earned It” pronta para ser indicada ao prêmio.
“Manta Ray”, de J. Ralph & Antony, pelo filme “Racing Extinction”
Parte da trilha sonora de um documentário sobre natureza, “Manta Ray” não é exceção nesta categoria – várias outras canções com esta origem já foram indicadas anteriormente – mas sua melodia e sua letra triste fazem dela uma forte candidata à estatueta de 2016. J. Ralph já havia sido indicado em 2012, por “Before My Time” (magistralmente interpretada por Scarlett Johansson), e está indicado novamente por um belo trabalho musical. Sim, é um forte candidato caso a Academia opte por prezar pela qualidade em vez da popularidade.
“Simple Song #3”, de Sumi Jo & Viktoria Mullova & BBC Orchestra, pelo filme “Youth”
Parte fundamental de um filme que fala sobre o maravilhoso mundo do cinema, “Simple Song #3” é uma bela ária de ópera e conta com a linda voz da soprano Sumi Jo. No entanto, apesar de estar indicada, não deve levar a estatueta – óperas já não são mais tão prestigiadas pelo público, e Jo não é um nome conhecido aqui no Ocidente. Entretanto, isso não tira o brilho desta obra, que tem uma linda letra e uma voz tenaz e emocionante para nos mostrar que óperas ainda são lindas de serem ouvidas.
“Til It Happens To You”, de Lady Gaga, pelo filme “The Hunting Ground”
2016 mal começou, mas já se provou um ano prolífico para a diva pop Lady Gaga: além de sair da cerimônia do Globo de Ouro com a estatueta de Melhor Atriz por sua atuação no seriado “American Horror Story: Hotel”, ela está indicada ao Oscar de Melhor Canção Original por “Til Happens To You”, escrita por ela mesma em parceria com Dianne Warren, e com grandes chances de faturar o prêmio. A canção é uma bela peça musical, e traz o melhor de Gaga: sua voz cristalina e afinada. Além disso, faz parte de um documentário tocante e que expõe uma dura realidade nas universidades norte-americanas – o plot de “The Hunting Ground” são os inúmeros casos de estupros e de homofobia registrados nas universidades, contando com depoimentos tristes e reais de vítimas, no intuito de conscientizar o público da dimensão desta realidade.
“Writing’s On The Wall”, de Sam Smith, pelo filme “007: Spectre”
Canção escrita especialmente para a já clássica abertura do mais recente filme da franquia 007, “Writing’s On The Wall”, composta e interpretada pelo inglês Sam Smith, possui os elementos essenciais para ganhar o prêmio da Academia – é emocionante, tocante, tem uma bela e popular voz, e uma letra de fácil assimilação. No entanto, não é uma grande canção – Smith ainda está começando neste mercado fonográfico, e suas letras são mais puxadas para o pop, em contrapartida à sua voz de tessitura mais voltada para o jazz, o que deixa suas canções um tanto kitsch e superestimadas (posto que os cantores pop das novas gerações não têm uma voz talentosa como a de Smith). Deve ser uma forte candidata a levar a estatueta, mas não se deixe enganar pelo arranjo grandioso e pela encantadora (porém irrelevante) cena de abertura de “007: Spectre”.
Melhor Direção de Arte
Bridge of Spies
The Danish Girl
Para ajudar a contar a difícil trajetória de Einar Wegener para se transformar em Lili Elbe, a direção de arte de “The Danish Girl” contou com um aparato essencial para elevar a qualidade de qualquer produção cinematográfica: o fato de se passar em uma época anterior à presente. Com isso, os elementos cenográficos são estrategicamente posicionados para dar credibilidade histórica e temporal ao roteiro, e a relação dos atores com o cenário também é fundamental para a condução narrativa. Por retratar artistas plásticos, “The Danish Girl” também conta com o ambiente artístico para tornar mais eloquente o trabalho do departamento de direção de arte.
Mad Max: Fury Road
The Martian
Retratar fielmente a parafernália de uma missão espacial é tarefa complicada, mas a direção de arte de “The Martian” realiza tal trabalho com destreza e com raros exageros. Ao mostrar um astronauta solitário enquanto espera ser resgatado de Marte, o filme conta com um cenário pouco conhecido do grande público, o que poderia dar margem a invencionices cenográficas. No entanto, o departamento responsável preferiu buscar na fonte os elementos para a construção do cenário, o que se provou uma atitude sábia, dado que a NASA se comprometeu a contribuir fortemente na produção do filme. Por conta disso, muitas cenas têm um aspecto mais didático do que o grande público está acostumado – e isso é um dos muitos trunfos da direção de arte. Sem dúvida, um dos mais fortes candidatos desta categoria.
The Revenant
Melhor Curta-Metragem de Animação
Bear Story: a conferir
Prologue: a conferir
Sanjay’s Super Team: a conferir
We Can’t Live Without Cosmos: a conferir
Worlds of Tomorrow: a conferir
Melhor Curta-Metragem em Live Action
Ave Maria: a conferir
Day One: a conferir
Créditos: The Oscars - Official Website
Everything Will Be Okay: a conferir
Shok: a conferir
Stutterer: a conferir
Melhor Edição de Som
Mad Max: Fury Road
The Martian
“The Martian” tem um som de qualidade, com efeitos sonoros bem próximos às missões espaciais oficiais da NASA, e as cenas de ação são bem editadas neste quesito. A história exigia uma edição de som que fizesse dela algo crível, e a meta foi indubitavelmente alcançada. É um candidato de peso e com boas chances de ganhar.
The Revenant
O trabalho de edição de som de “The Revenant” merece elogios por conta dos fatores externos que poderiam atrapalhar esta – a meteorologia desfavorável, os figurinos volumosos e abafadores, etc – mas não é um dos melhores concorrentes da categoria em 2016. No entanto, o trabalho de mixagem de som é de primeira linha. Se for ganhar, que seja nesta categoria.
Sicario: a conferir
Star Wars: The Force Awakens
George Lucas, no início de sua carreira de cineasta, revolucionou a sonoplastia com seu sistema de gravação de sons THX. Logo, seria traição à sua origem a edição de som de “Star Wars: The Force Awakens” não ser feita com esmero. Assim, o filme não deve em nada neste quesito, e se torna um dos mais fortes candidatos da categoria – mesmo que Lucas não esteja envolvido com o filme, o aficionado J. J. Abrams não abriria mão de manter o THX como elemento fundamental para contar os acontecimentos do oitavo capítulo da saga Star Wars.
Melhor Mixagem de Som
Bridge of Spies
Mad Max: Fury Road
The Martian
Ao filmar muitas cenas em estúdio com chroma key, “The Martian” leva vantagem quanto à mixagem de som, por conta de seu ambiente controlado. No entanto, é nas cenas em locação que esta se prova realmente bem feita, como nas cenas em que o personagem de Matt Damon está tentando se comunicar com seus colegas da NASA e naquelas em que ele está atravessando Marte em um carro adaptado. Sem dúvida, desponta como o favorito da categoria.
The Revenant
Sem dúvida, um trabalho de qualidade e respeito quanto à mixagem de som. Ainda que a edição de som não seja um primor, os ruídos da natureza que “The Revenant” encaixa na mixagem – e cujo envolvimento da plateia com a cena fica ainda mais incrível se prestigiado em uma sala de cinema ou em um aparelho de home theatre – são sensacionais, e fazem dele um forte candidato à estatueta nesta categoria.
Star Wars: The Force Awakens
Como a saga Star Wars está intrinsecamente atrelada ao sistema THX de áudio de alta fidelidade, a mixagem de som é, como esperado, acima da média e conta com uma equipe de grande quilate para se fazer preponderante. Na experiência dentro de uma sala de cinema, “Star Wars: The Force Awakens” tem um áudio envolvente e imersivo, graças à mixagem de som e ao THX – o que deve, portanto, se repetir quando este sair nas mídias domésticas e nos serviços de streaming.
Melhores Efeitos Visuais
Ex Machina: a conferir
Créditos: Film and Furniture
Créditos: Tech Times
The Martian
Créditos: Creative Reviews/Amazonaws
The Revenant
Créditos: FX Rant
Star Wars: The Force Awakens
Créditos: Slash Films
Aliado a um roteiro de qualidade, os efeitos visuais da oitava parte da saga Star Wars são de tirar o fôlego, mantendo, assim, o nível das produções anteriores. O diretor J J. Abrams já é velho conhecido dos efeitos visuais de alto nível, posto que dirigiu os recentes reboots das franquias Planeta dos Macacos e Star Trek, e segue com brilhantismo em “Star Wars: The Force Awakens”. São cenas impressionantes, como as tomadas externas da nova Estrela da Morte e as batalhas com sabres de luz, que mostram todo o poder e toda a qualidade dos efeitos visuais deste filme, fazendo dele um forte candidato a faturar o prêmio neste ano.
Melhor Roteiro Adaptado
“The Big Short”, escrito por Charles Randolph e Adam McKay
“Brooklyn”, escrito por Nick Hornby: a conferir
“Carol”, escrito por Phyllis Nagy
A história contada em “Carol” é deveras interessante, dado o tabu da época quanto à sexualidade e aos padrões provincianos de moralidade. Entretanto, o roteiro peca pelo uso do manjado conceito de colocar uma cena aleatória logo no início do filme, voltar desde o começo da história, até chegar ao ponto que começara a película – a história teria sido assimilada da mesma forma se fosse mantida a ordem cronológica dos fatos, então tal recurso foi desnecessário. No geral, é uma história de amor singela, porém belicosa se posta sob a perspectiva temporal, contada de uma maneira excessivamente conceitual, o que não tira o brilho da produção nem a beleza da fotografia.
“The Martian”, escrito por Drew Goddard
“Room”, escrito por Emma Donaghue: a conferir
“Bridge of Spies”, escrito por Matt Charman, Ethan Coen e Joel Coen
“Ex Machina”, escrito por Alex Garland: a conferir
“Inside Out”, escrito por Pete Docter, Meg LaFauve e Josh Cooley
A base da história de “Inside Out” é indubitavelmente pobre e rasa, mas a adequação da temática para uma fantasia que reflete sobre a psique humana e as dificuldades de passar de criança para adulto realizada pelos roteirista é algo inteligente e maduro. Obviamente a criançada vai se divertir com o visual colorido do filme, mas a mensagem de “Inside Out” só faz sentido quando se é adulto – mas, neste ponto, o filme já perde um pouco a graça e se torna apenas um bom momento de descanso e entretenimento. Apesar dos esforços dos roteiristas em passar essa mensagem de forma a cativar tanto pais quanto filhos, não é um roteiro inovador, nem tampouco é suficiente para vencer na categoria de Melhor Roteiro Original.
“Spotlight”, escrito por Josh Singer e Tom McCarthy: a conferir
“Straight Outta Compton”, escrito por Jonathan Herman e Andrea Berloff: a conferir
Parabéns pela postagem. Um trabalho bem completo essa das suas análises. Mesmo não concordando com todas as críticas eu adorei ver um material assim condensando tudo em uma só postagem. Estou ansioso para ver as atualizações ainda.
ResponderExcluirParabéns pela postagem. Um trabalho bem completo essa das suas análises. Mesmo não concordando com todas as críticas eu adorei ver um material assim condensando tudo em uma só postagem. Estou ansioso para ver as atualizações ainda.
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