sábado, 27 de outubro de 2012

Série Tulipa Ruiz - Parte Final

Olá, amigos!
Sim, eu sei que estou quase três semanas atrasado com relação ao prazo que havia estipulado anteriormente. Sim, mesmo de férias da UnB, eu estava ocupado demais para sentar e escrever essa crônica. Sim, eu fiz 18 anos ontem, e já posso começar a tirar carteira de motorista.
Bom, esclarecidos os problemas das últimas semanas, posso começar novamente: olá amigos! Hoje aqui vou publicar a parte final do especial da Tulipa Ruiz! Escrevi um artigo falando da minha opinião sobre o disco "Tudo Tanto" e dando minha interpretação de cada faixa do álbum, além de viajar um pouquinho nas músicas de Tulipa Ruiz! Fiquei sabendo que, nas últimas semanas, Tulipa está fazendo shows no Japão, então acho pouco provável que ela vá ler essa crônica, mas se vocês, meus caros leitores, puderem divulgar o texto para ver se, talvez, chegue a ela, seria excelente!
Peço desculpas a todos pela demora, mas espero que vocês compreendam que há certas dificuldades intransponíveis na vida de um estudante universitário que não tem só a faculdade para fazer. Agradeço à compreensão de todos!
Por favor, divulguem o texto!
Abraços,
Caio César.


“Tudo Tanto” é uma grata surpresa para quem andava um pouco cabisbaixo com o rumo que a música brasileira está tomando. Diante de centenas de MCs de funk que pipocam por aí todo dia e de bandas de rock de garagem que mais parecem do quintal dos Backyardigans, Tulipa Ruiz chega com seu segundo disco e nos mostra um universo de delicadeza e requinte que até nos faz pensar que possa haver alguma salvação. Ao soar das primeiras batidas de “É”, faixa de abertura do álbum, já é possível sentir que um som diferente, mais elaborado do que há no mainstream atualmente, está vindo a todo vapor.
Desde “Efêmera”, seu primeiro trabalho, Tulipa vem mostrando um novo jeito de se fazer MPB, além de reinventar o poder da palavra poética. Ao lado de seu irmão, Gustavo Ruiz, escrevem letras que desafiam os limites temporais e, vez por outra, nos transportam – seja ao século passado, seja para São Lourenço, cidade do interior de Minas Gerais, onde ambos cresceram e absorveram a brejeirice e equilíbrio espiritual que rege as composições da dupla.
A partir disso, fica fácil entender a evolução do som de Tulipa ocorrida entre “Efêmera” e “Tudo Tanto. Foi uma mudança natural, não planejada, mas que aconteceu porque Tulipa e Gustavo cresceram na estrada, enquanto divulgavam “Efêmera”, e porque a alma de poetisa de Tulipa é inconstante e não se prende a lugar algum. É uma coisa de mulher, mas que fica mais forte por ela ser uma artista.
As músicas de “Tudo Tanto”, de modo geral, mostram uma Tulipa mais urbanoide, mas não menos orgânica. “É”, faixa que abre o disco, tem ritmo frenético, bem paulistano, mas a letra incorpora a calmaria de Minas. “OK”, faixa seguinte, possui uma batida bem brejeira e letra tão fofinha quanto um algodão-doce cor-de-rosa no parque. Logo em seguida, “Quando Eu Achar”, e, com ela, a primeira mudança – o ritmo é quase hipnótico, a letra é dotada de saudades e de lembranças, possivelmente das experiências na estrada, mas é o coro masculino e o bombardino, instrumento tão vintage quanto o som de Tulipa, que dá o toque de gênio. Admito que essa é uma das minhas preferidas.
“Like This”, quarta canção do disco, é assustada e nervosa, mas charmosa e cosmopolita – algo bem São Paulo. Então, vem “Desinibida”, e voltamos à Tulipa Ruiz de “Efêmera”, orgânica e mimosa. “Script”, canção subsequente, é uma declaração de amor a alguém de muita sorte, porque a construção poética da letra é de uma delicadeza e de uma dedicação indelével. Logo depois, o susto: “Dois Cafés”, com letra de Tulipa e Gustavo, e cantada por Tulipa e... Lulu Santos?! Sim, Lulu Santos! Com um jeito bem paulistano, apressado, Lulu parece ser domado nessa letra, que fala sobre uma pausa para um café. Tulipa e Lulu tomando um café e conversando sobre a ininterrupta movimentação dos grandes centros urbanos – simplesmente uma delícia!
“Expectativa” é um momento de reflexão, apesar do ritmo animado, porque denota uma Tulipa Ruiz pós-balzaquiana que começa a pensar no que virá aos 40, mas que não deixa de se divertir e de experimentar novidades. “Bom” tem uma letra dura, quase pessimista, mas que deixa a marca de tranquilidade de Tulipa. Aí entra a minha canção favorita de todo o disco – se você quiser pular essa parte em que rasgo seda para essa música, sinta-se à vontade, caro leitor, porque me derreterei em elogios nas próximas linhas.
“Víbora”, construção semioperística e complexa, é uma música que sufoca e tonteia, mas que nos mergulha em uma história soturna, escondendo-nos nas sombras para espiar os acontecimentos. Citando diversas personagens de identidades psicológicas dotadas de extrema complexidade e multiplicidade, a letra é uma bronca a um homem falso que destruiu a vida da narradora-personagem, mas que, agora, quer vingança e começa jogando as verdades na cara dele como se fossem bostas jogadas na Geni.
Para fechar o disco, então, vem “Cada Voz”. A letra é positivista e alegre, mas é a batida cadenciada que deixa a diversão completa. Cumpre bem seu papel de fechar um disco de tão variadas matizes. E, assim, fica claro que Tulipa Ruiz é, indubitavelmente, uma garota de garra e de uma sensibilidade emocionante. “Tudo Tanto”, em seu conjunto, é um álbum coeso e de qualidade. Se falta algo à Tulipa Ruiz? Talvez viver mais – para que possa compor mais letras tão repletas de aprendizados sobre suas experiências e nos trazer muito mais material de tal qualidade.
Uma citação, para fechar o texto: “Paro para procurar, para me preparar. Parar? Nunca parar!”.

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