Mais uma vez, o diretor e
professor da Cadeira de Artes do Centro Educacional Leonardo da Vinci, Thião
Mesquita, junto da diretora musical Yara Verato, apresentou ao grande público
uma montagem teatral estudantil de ótima qualidade e garantia certa de
entretenimento e emoção. Depois da autoral “Rapsódia na Vila do Ooh”, que
contou com as participações de Ana Salles e Lilían Sampaio, Thião apresentou,
em 2012, uma adaptação do clássico “Ópera do Malandro”, obra de Chico Buarque,
um dos mais geniais compositores da música popular brasileira, baseada n’”A
Ópera de Três Vinténs”, de Bertolt Brecht. Com excelente elenco e timing, a
peça conseguiu ser divertida para todas as faixas etárias e ser capaz de
conscientizar a plateia mais adulta dos problemas que cercam o contexto
histórico.
Diversos personagens foram
destaques, mas vou ressaltar apenas os que me impressionaram tanto pela voz
(uma vez que se trata de um musical) quanto pela interpretação: Geni, a
personagem que rouba a maior parte das cenas, interpretada por Tauan Lopes, foi
simplesmente genial, tanto pelo timing cômico quanto pela voz suave mas firme
quanto interpretou “Geni e o Zepelim”; Duran, interpretado por Rodrigo Belo,
com seu sotaque meio alemão meio cubano, desempenhou com excelência o papel do
dono do cabaré; Lúcia, interpretada por Isabela Tiussi (coreógrafa e corista da
peça), apesar de ter aparecido muito pouco – com maior destaque depois da
prisão de Max – conseguiu mostrar talento de sobra na dança e na interpretação,
mas é uma pena que ela não cante (aproveito aqui para elogiar as solistas da
música “O Meu Amor”, cujos nomes desconheço, mas que foram boas, sendo a
intérprete de Lúcia a mais bem encorpada voz de todo o elenco); Terezinha,
interpretada por Phâmella Kletelinguel, soube ser doce e meiga, mas o fato de
ela não cantar deixou a desejar no que concerne à visceralidade da interpretação.
Max Overseas, o malandro carioca interpretado
com destreza por Galileu Fontes, foi incrivelmente verossímil e, ao mesmo
tempo, caricato, que chega a ser complexo entender o personagem – apenas lamento
que seu microfone tenha dado tantos problemas, porque gostaria de tê-lo ouvido
melhor; Fichinha, a nordestina maltrapilha transformada em periguete de
primeira linha, interpretada por Ana Macedo, garantiu uma das cenas mais
hilárias da apresentação; Barrabás, o malandro mais malandro da gangue de Max,
interpretado por Félix de Queiroz, cativou a risada do público pelo estilo
nonsense de humor; e, por último, mas não menos importante, a Shirley Paquete,
interpretada por Paula Dias, que, mais uma vez, provou ser muito talentosa e
virtuosa, como eu já presenciara na “Rapsódia na Vila do Ooh”, em 2011, e na longínqua
“O Mistério de Feiurinha”, em 2006, da qual este que vos fala participou como o
Caio Lacaio.
Por ser uma versão juvenil da
polêmica peça de Chico Buarque de Hollanda, imaginei que certas letras seriam
cortadas e/ou modificadas, e isso aconteceu de fato. Mas, mais do que isso, me
impressionou a coragem de Thião Mesquita em algumas partes. A sequência de
dança insinuante e excitante de “O Meu Amor”, executada por Lúcia e Terezinha,
foi algo estranho para boa parcela do público, mas foi tão bem feita que não há
o que tripudiar sobre esta – além disso, as boas vozes que interpretaram o tema
só deixaram a cena mais acessível. E, ainda sobre esta canção, admirou-me
também a alteração da letra, para a versão censurada pela ditadura militar e
que permaneceu algum tempo desconhecida. Creio que foi uma ideia genial. Também
houve a tocante cena de dança de Terezinha, com sua música homônima, feita
famosa na voz de Zizi Possi. Apesar de a intérprete ter um perfil de dança mais
voltado para o balé clássico, a performance contemporânea foi bem elaborada. Só
o que não ficou bom foi a cantora – também não sei seu nome, mas não me
inspirou emoção sua interpretação nem sua voz.
Creio que a voz mais
surpreendente saiu de cima daquela figura de meia-calça preta e minishort que
atendia no palco por Geni ou Genivaldo – e só lembrando: “Viado, não!!! –
Bichinha!”. A interpretação de “Geni e o Zepelin” foi muito bem acertada no que
tange à voz de Tauan Lopes, porque coube perfeitamente na melodia, além de ter um
timbre enigmático mas sublime. Por último, a performance de “Las Muchachas de
Copacabana”, pelas “balconistas” do cabaré de Duran. Que delícia de perfomance!
Todas sexy, bem treinadas vocalmente, roubaram a cena mesmo! Destaco Paula
Dias, que, como já citei anteriormente, atua muito bem, e canta também, como
descobri ao vê-la no palco de “Rapsódia na Vila do Ooh” cantando “Olhos
Coloridos”, de Sandra de Sá, e arrebentando.
De forma geral, a peça foi um
sucesso. Apesar dos muitos problemas com microfonia, todos os cantores, tanto
solistas quanto coristas, foram bons e poucos erraram as letras de alta
complexidade escritas por Chico Buarque. O figurino estava impecável – destaco as
caracterizações de Geni e de Fichinha, que foram as mais impressionantes. A
banda estava afiadíssima, apesar de ter se perdido um pouco em alguns dos
blecautes em cena para a mudança de cenário. E a direção está de parabéns –
Thião Mesquita e Yara Verato foram, novamente, excelentes. Espero poder
assistir mais peças de autoria destes.
devo descordar com você quanto a apresentação da musica "terezinha" achei a cantora de altissima qualidade.
ResponderExcluirBem, na minha opinião, faltou segurança e suavidade à cantora. Talvez por ser ao vivo e, creio eu, a primeira vez na frente de uma grande plateia, ela tenha se sentido insegura, mas isso prejudicou sua performance vocal. Sendo assim, eu DISCORDO DE você.
ExcluirP.S.: Identifique-se da próxima vez, por favor! Agradecido!
A interpretação de "Terezinha" foi belíssima !
ResponderExcluirEu também gostei da interpretação teatral da música, mas não gostei da voz da cantora - prefiro vozes mais aveludadas e amaciadas do que vozes estridentes e inseguras. Aliás, acho que faltou segurança à voz dela.
ExcluirP.S.: Identifique-se, se possível! Agradecido!
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Sou a Julia Stark a interprete da Lucia em "O meu amor" e queria agradecer o elogio. Mas não concordo com a sua crítica a musica "Teresinha", pois a qualidade vocal da cantora foi excepcional em ambas as musicas que ela cantou, principalmente na música "Folhetim". :)
ResponderExcluirCara Julia,
ExcluirAgradeço o elogio sobre o texto. Fico muito grato quando as pessoas reconhecem meu trabalho - e, no texto, eu reconheci o trabalho da sua colega, mas não me agradou a performance vocal dela.
Como sou fã de vozes mais encorpadas e suaves, senti que a voz dela não era apropriada às canções - "Terezinha", interpretada por cantoras como Zizi Possi e Maria Bethânia, exige uma voz mais grave, ao passo que "O Meu Amor", na parte que cabe à Terezinha, pede uma voz jovem, é verdade, mas que passe mais verossimilhança, e não senti a emoção necessária à essa interpretação.
Claro que o que digo é apenas o meu ponto de vista, mas agradeço à crítica ao texto - isso me ajuda a melhorar cada vez mais! Obrigado pelo comentário e por se identificar!
Ah, e com relação à música "Folhetim", acho que foi a sequência que ela se deu melhor. Casou a música com a voz! Obrigado por me lembrar desta interpretação!
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