Aqui está a resenha crítica do show da Clarice Falcão, cantora e atriz do Porta dos Fundos! Foi um espetáculo muito divertido, e ter Amanda e Duda, minha irmã, como companheiras, foi excelente! Aliás, essa foi a primeira vez que Duda foi a um show em toda a sua vida - e ela já tem 13 anos!
Enfim, foi ótimo, mas não consegui fotos boas. Para não cansar a leitura de vocês, já que vocês sabem que eu, de fato, escrevo muito, vou intercalar o texto com vídeos de músicas da Clarice, para aqueles que já conhecem curtirem ainda mais, e para despertar a curiosidade daqueles que ainda não viram este lado dela!
Obrigado pela atenção de todos!
Abraços,
Caio César.
Simplicidade, de forma geral, não é uma palavra amplamente
utilizada para descrever um artista e seu show. Entretanto, isto pode ser
diferente se for um cantor(a) famoso(a) por seu jeito mais acanhando. E Clarice
Falcão é uma artista acanhada no palco, e seu show é de uma simplicidade que
beira o tosco. Mas ela é tão meiga e tem uma voz tão afinada que se torna quase
impossível assistir ao seu show sem se sentir completamente envolvido por sua
doçura.
Fui ao show acompanhado da Amanda, sempre companheira, e da
Eduarda, minha irmã - que foi, pela primeira vez, a um show. Chegamos ao Teatro
Nacional Claudio Santoro por volta das 19h40, e esperamos até liberarem a
entrada para a Sala Villa-Lobos. Tentei comprar o disco "Monomania",
da Clarice, no local que me fora indicado como onde estaria vendendo, mas não
consegui - e foi esta a minha frustração do dia, uma vez que a versão física do
disco vende apenas nos shows da Clarice, e não há em nenhuma loja que não o iTunes,
a loja virtual da Apple. Sentamos em nossos lugares - relativamente próximos ao
palco - e esperamos o espetáculo começar.
Com pouco mais de dez minutos de atraso, uma voz no
alto-falante anunciou que o show estava começando, e que era expressamente
proibido tirar fotos com flash, pois a luz do show era muito importante para o
desenvolver do espetáculo, e o flash "caga a luz", nas palavras do
locutor. Então, entraram os músicos no palco e, ao som de uma chuva, Clarice
Falcão entrou no palco trajando uma capa de chuva preta e um guarda-chuva
preto. A primeira música foi "Eu Esqueci Você", que também abre o
disco de estreia da cantora e atriz do coletivo Porta dos Fundos, que tem um
dos canais mais acessados do YouTube. Logo em seguida, veio "O Que Eu Bebi
Por Você", mostrando o humor e a meiguice juntos da forma que estes
permeiam a obra de Clarice. Logo após, ela fez uma linda declaração de amor
para seu namorado, o ator e comediante parceiro do Porta dos Fundos, Gregório
Duvivier, com a canção "Um Só".
Em seguida, fez-se um blecaute no palco, e, ao voltarem as
luzes, Clarice havia se despido da capa de chuva, e trajava um vestido branco e
uma tiara de flores na cabeça. Cantou, então, "De Todos Os Loucos do
Mundo", em que ela diz que "estava cansada de ser louca assim sozinha".
Então, Clarice se apresentou à plateia como "Monomania", que estava
lançando o disco "Clarice Falcão", e que não estava nervosa -
iniciando, assim, o ciclo de piadas do show, que incluiu seu ritual hipocondríaco
para ela conseguir chegar ao palco, de acordo com o que ela se lembrava,
abrindo, então, espaço para "Eu Me Lembro", que ela canta com o
cantor e compositor capixaba SILVA no disco, e com seu primo e guitarrista Rico
Vianna no palco. Em seguida, Clarice contou a história da música "Fred
Astaire", que foi originalmente escrita em "inglesla" mas que
ela traduziu para "portuguesla", e não conseguiu encaixar o nome do
dançarino e ator norte-americano na nova
versão. Ela, então, canta a música em português e, após um belíssimo
instrumental, entoa os primeiros versos da versão em inglês.
Aplaudidíssima, ela, então, falou um pouco de sua
adolescência e de quando estrelou "Ties", curta-metragem produzido
para o YouTube e pelo qual ficou muito famosa, para, então, introduzir
"Australia", a música de abertura do curta, composta e cantada por
ela. Em seguida, ela discursou sobre o porquê de fazer um show (quase)
totalmente autoral - para não ter que pagar ao ECAD - e cantou "Dona da História",
a única canção que não é de Clarice, mas do pai dela, João Falcão, teatrólogo e
escritor. Logo após, ela canta "Macaé", durante a qual os músicos
vão, um por um, abandonando o palco, para, ao final, Clarice cantar sozinha, ao
violão, que "queria tanto que você não fugisse de mim mas, se fosse eu, eu
fugia".
Sozinha no palco, Clarice fez um apaixonado discurso para
Gregório, e cantou "Essa É Pra
Você", que ela "não" compôs para ele, na qual detona o
relacionamento dos dois. Em seguida, ela conta que fez a música para o Porta
dos Fundos, projeto que lhe trouxe muitas alegrias, dentre elas a maior de
todas foi a ameaça de processo do deputado Marcos Feliciano, presidente da
Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, famosos por seus barracos
e polêmicas em torno de assuntos religiosos, uma vez que integra a bancada
evangélica do Congresso. Após isso, ela cantou "Se Esse Bar", canção
não incluída no disco mas publicada em seu canal pessoal no YouTube. Ela,
então, chama de volta a banda ao palco, apresentando os músicos um a um, e
retoma o show com "Qualquer Negócio", mais uma declaração hiperbólica
de amor.
Com um arranjo soturno e com uma letra sanguinolenta mas
engraçada, surge "Talvez", na qual ela pensa nas possibilidades de um
romance não concretizado. Em seguida, Clarice anuncia o fim do show após a
canção seguinte, mas diz que há uma chance de ela voltar e cantar mais algumas
músicas - é só público bater palmas e pedir um tal de "bis", nome que
ela deu ao gesto porque gosta muito do chocolate da marca. Então, ela canta o
grande sucesso de sua carreira, "Oitavo Andar (Uma Canção Sobre O
Amor)", que ela gravou originalmente para o canal Parafernalha, principal
canal de YouTube do Grupo Para, presidido por Felipe Neto, um dos maiores
entusiastas do site de vídeos mais famoso do mundo - a gravação é anterior à
criação do Porta dos Fundos, canal em que Clarice atua junto de seus amigos
Fábio Porchat, João Vicente de Castro, Antônio Tabet, Júlia Rabello, Marcos
Veras, Rafael Infante, entre outros grandes talentos, além de Gregório.
Clarice, então, sai do palco, mas volta rapidamente para o
bis, após insistentes pedidos da plateia. E volta com tudo, porque "A
Gente Voltou", na qual ela diz que "para que, se a gente para, o mundo
acabou". Continuando, ela canta "Capitão Gancho", bem rapidinha
mas cheia de referências da infância vasta e colorida que ela viveu, junto de
seus pais, João e Adriana Falcão (ela, escritora e dramaturga), ambos
inveterados e inventivos contadores de história. Para fechar o show, a música
que dá nome ao disco e à turnê, "Monomania", que fez todos cantarem
em uníssono que "se juntar cada verso meu e comparar, vai dar pra ver: tem
mais 'você' do que nota dó".
O show da Clarice só tem um grande defeito: é curto demais -
dura pouco mais de uma hora. Eu não me cansaria de escutar sua voz delicada por
mais tempo, decerto. Fora isso, apenas alguns pequenos problemas ao longo do
espetáculo: a timidez de Clarice, que permite pouco contato direto com o
público; os discursos prontos, ensaiados e repetidos em todos os shows, denotando
um roteiro inflexível e sem improvisos naturais de um show; e Clarice errando a
letra de "Fred Astaire" em português, mas ela soube tirar de letra -
continuou a música até o fim, sem perder o ritmo. É um show para se ver apenas
uma vez - sua hermeticidade faz com que todos os espetáculos sejam iguais. A
única coisa que, de fato, poderia mudar são os fãs mais afoitos: desculpem-me
os moderninhos, mas não me agrada ver pessoas gritando "gostosa" e
"diva" para uma cantora tímida e recatada como Clarice; muito menos,
que isso aconteça em uma sala de teatro, um templo de respeito às artes
cênicas. Em suma, é um show imperdível para qualquer um que goste de se
divertir e de reafirmar a cada música o amor na sua forma mais exagerada e
saudável.
Tiago Iorc e Clarice Falcão cantando "Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda", do Hyldon
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