Sexta-feira, 1º de
novembro de 2013
1h30
Querido diário,
Foi muito foda esse show!!! Loreena
McKennitt é um sonho em forma de gente, e suas músicas, obras-primas em forma
de sons e melodias! Sério, este foi, indubitavelmente, um dos melhores shows em
que já fui durante a minha vida!!!
Com vinte minutos de atraso, as
luzes do Credicard Hall se apagaram e Loreena e sua banda entraram no palco. A
plateia aplaudia efusivamente, e logo na primeira música, já era possível ouvir
pessoas chorando, emocionadas por estar ali. A música era "She Moved
Through The Fair", canção irlandesa tradicional, a qual foi lindamente
executada pela canadense na harpa. Ao final da música, todos aplaudiram e se
prepararam para ouvir o maior sucesso comercial da carreira de Loreena McKennit
- "The Mummer's Dance", esplêndida, com ela tocando acordeon. Em seguida, veio "The
Star of the County Down", de seu último disco, "The Wind That Shakes
The Barley" (2011).
Depois de agradecer ao público pela
presença de todos, Loreena foi para o piano e tocou "Bonny Portmore",
do disco "The Visit" (1991). Logo após, a primeira música
instrumental, "Marco Polo" - por sinal, uma das minhas prediletas,
pois faz parte do meu disco predileto da discografia da Loreena, o "The
Book of Secrets" (1997). Em seguida, Loreena nos narra mais uma bela saga
celta em "Night Ride Across The Caucasus", do mesmo "The Book of
Secrets", nos encantando com sua voz suave e afinada.
A cantora, então, prosseguiu o show com "Down By The Sally
Gardens", do disco mais recente, para, em seguida, apresentar mais uma
deste - "As I Roved Out". Então, veio mais um sucesso, que foi
"The Bonny Swans", do disco "The Mask and Mirror" (1994),
na qual houve uma belíssima disputa entre a guitarra de Brian Hughes e o
violino de Hugh Marsh. Logo após, outro clássico muito requisitado pelos fãs - "Caravanserai",
do belíssimo álbum "An Ancient Muse" (2006). Após esta música, veio o
intervalo.
Hã?! Intervalo?! Sim, intervalo! O show da Loreena foi dividido em dois
atos, sendo que o segundo incluiria o bis.
Tal qual uma ópera ou um musical da Broadway, após envolver o público com sua
música e a filosofia histórica acarretada pela mitologia celta, ela nos deixa
no ápice da emoção e totalmente curiosos para saber como acabará aquele
maravilhoso espetáculo. Claro que este tipo de pensamento deve funcionar muito
bem... na Europa e na América do Norte, porque os brasileiros saíram todos de
seus lugares e tumultuaram as entradas e saídas, bem como os banheiros e o bar
que havia no saguão do Credicard Hall. Eu, como uma pessoa educada, fiquei
sentado no meu lugar, apenas embevecido com aquele espetáculo tão ímpar.
Após cerca de quinze minutos de
intervalo, foi anunciada a retomada do show,
e Loreena e sua banda entraram tocando "Full Circle", do disco de
1994. Em seguida, a plateia irrompeu em uma chuva de aplausos aos primeiros
acordes de "The Mystic's Dream", um grande sucesso de McKennitt,
presente no mesmo "The Mask and Mirror". Logo após, Loreena anunciou
que a próxima música seria a única do show
em que os fãs poderiam tirar fotos e filmar, e explicou que não gosta dessas
atitudes durante seus shows pois quer que seus fãs prestem atenção em suas
músicas, não em registrá-la ali no palco com suas câmeras e celulares.
Aplaudida ante tal discurso, ela, então, tocou "Santiago", e todos
puderam registrar este belíssimo espetáculo - eu filmei apenas um trecho curto
da música, pois percebi ali que o mais importante era apreciar a música.
Em seguida, veio uma música muito
querida por mim e por todos os fãs, que foi "Dante's Prayer", do
"The Book of Secrets", tocada com fervor pela banda. Logo após, veio
"All Souls Night", do disco de 1991, que emocionou a plateia, e,
então, um dos clássicos da carreira de McKennitt - "The Lady of
Shalott", do mesmo "The Visit", que conta uma história na
Camelot da Idade Média. Para "finalizar" o show, então, Loreena escolheu "The Old Ways", do mesmo
disco, e a plateia aplaudiu de pé aquele maravilhoso espetáculo sonoro. Fora
mesmo incrível assistir àquilo tudo... mas ainda não havia acabado!
Pouco depois, Loreena voltou com a
banda para o bis, e tocou,
primeiramente, "Tango to Evora", uma bela peça instrumental que
deixou a todos muito emocionados - confesso que chorei ali, pois entendi o real
sentido de toda essa viagem louca que me meti a fazer. Eu estava ali para
sentir aquela história, aquela filosofia musical que emana da música que
Loreena McKennitt executa. Para terminar aquele show impecável, ela não poderia deixar de prestar sua homenagem à
esta data tão especial e mística, que é o Halloween
- Loreena tocou "Huron 'Beltane' Fire Dance", em homenagem ao
Festival do Fogo Beltane, que celebra uma das estações do paganismo gaélico,
anualmente celebrado nesta data.
Acho um tanto difícil analisar este show de forma crítica, pois Loreena sai
tão pouco em turnê - ainda mais em escala mundial - que seu show é bem esférico e correto, não
abrindo muitas brechas para falhas. Talvez, creio eu, a maior falha fosse não
haver câmeras filmando a performance e a passando nos telões do Credicard Hall.
Os setores superiores estavam lotados, e duvido que fosse possível ver muita
coisa de lá de cima. Para mim, que estava na parte intermediária da sala, já
não estava muito fácil (mesmo com meus óculos), imagino para quem estava mais
acima... Tirando isso, não há nada a criticar. Loreena McKennitt é uma cantora
e instrumentista de faro apurado, que sabe o que está fazendo ali em cima, e
que tem autoridade para reger o público conforme queira. Sua excelente banda
não deixa por menos - todos são muito bons, e parece que entram em um estado
superiormente interesse de sensações. A violoncelista Caroline Lavelle, que
toca com Loreena há muitos anos, assumiu, nesta turnê, a função de ser também backing vocal - trabalho este um tanto ingrato, no meu ponto de vista, pois
Lavelle não tem um timbre adequado para acompanhar McKennitt. Entretanto, até
que deu certo a parceria, mas a prefiro apenas tocando violoncelo e exibindo
suas longilíneas pernas.
Bem, após o show, esperei um tempo até chamar o táxi. Quando ele chegou, o
taxista não sabia como chegar no meu hotel - era novo na área e não conhecia
muito bem o bairro de Santo Amaro. Com a mais pura sinceridade, eu lhe disse:
"Moço, se o senhor não sabe, eu tampouco sei... Sou turista...". Após
nos perdermos algumas vezes e de pedirmos informações para o motorista do
caminhão de lixo, conseguimos chegar ao Hotel Elegance. Cheguei, comprei uma
água na recepção, e subi para o meu quarto. E aqui estou, cansado e suado, mas
feliz e realizado, depois desta noite tão linda e libertadora. Só agora, aos
dezenove anos, me sinto, de fato, livre para viver a minha vida. Estar ali,
naquele show maravilhoso, sozinho,
foi, ao mesmo tempo, excitante e triste - seria muito bom ter uma companhia
(uma namorada, talvez...) mas eu era ali um homem, independente e consciente.
Eu estava nas nuvens!
Correção: eu estou nas nuvens! Vou dormir hoje tranquilo e feliz! Boa noite,
querido diário! Até mais tarde!
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