Hoje o Música Na Vida apresentará a terceira parte do Especial SILVA! Nesse post, continuaremos a contar mais um pouco da vida e da carreira de Lúcio de Silva Souza, o nosso querido SILVA – o que houve depois do sucesso meteórico de “Claridão”, a participação em diversos projetos musicais, e a gravação e o lançamento de “Vista Pro Mar”, seu segundo trabalho de estúdio. Após isso, faremos uma resenha faixa a faixa de “Vista Pro Mar”, para que você possa ouvir o disco na íntegra e tirar suas próprias conclusões sobre este trabalho esplêndido de SILVA. Aproveito também para avisar que, devido a outros compromissos, alheios ao blog, a quarta parte dessa série será postada apenas na próxima semana – provavelmente, segunda-feira (14/09).
SILVA. Créditos: Saraiva Conteúdo/ Jorge Bispo
Depois de fazer a turnê de “Claridão”, era chegada a hora mais temida pelos artistas que concebem um bem-sucedido disco de estreia: era hora de fazer o segundo disco. Considerando o sucesso de SILVA no mainstream, era, de fato, uma pressão inimaginável dar continuidade ao nível de qualidade. Antes de mergulhar de cabeça no projeto, SILVA participou de vários trabalhos de outros artistas, fosse para abrilhantá-los com seus talentos multi-instrumentistas e vocais, fosse para homenagear grandes nomes da música brasileira.
SILVA em seu show no Lollapalooza Brasil 2014. Créditos: Metro/ Adriano Vizoni/ Folhapress
Antes de Marcela Vale, mais conhecida pela alcunha Mahmundi, gravar seu primeiro disco, “Setembro”, a cantora gravou com SILVA duas canções lançadas diretamente na internet – “Amor Pra Depois”, que SILVA relançaria algum tempo depois em versão solo, e uma cover de “Balada do Amor Inabalável”, da banda mineira Skank. Ambas as canções foram bastante elogiadas pela crítica especializada, e serviram de divulgação do vindouro disco de Mahmundi, que também ganhou colaboração de SILVA.
O carioca Cícero já havia lançado o bem-sucedido disco de estreia, “Canções de Apartamento”, em 2011, disponibilizado gratuitamente pelo artista. Para seu segundo disco, “Sábado”, Cícero se cercou de bons músicos e trabalhou uma sonoridade mais experimental, lembrando o som do Radiohead em diversos momentos. SILVA contribui para o disco tocando piano na última faixa, “Frevo Por Acaso”. Ambos os artistas, quando de seu surgimento, foram comparados um ao outro, por conta da proximidade sonora de seus trabalhos autorais, porém a colaboração de SILVA serviu para demonstrar que não havia competição entre eles. Infelizmente “Sábado” não muito bem recebido pela crítica, que denotou o experimentalismo de Cícero como um trabalho irregular e imaturo.
SILVA também contribuiu tocando instrumentos no disco de estreia da cantora e atriz Clarice Falcão, “Monomania”. Além de tocar violino nas faixas “Oitavo Andar”, “De Todos os Loucos do Mundo” e “Eu Me Lembro”, ele também faz um dueto com Falcão nesta última, cuja letra mostra como cada parte de um casal se lembra dos detalhes que cercam a vida a dois. Pelo trabalho, Clarice Falcão foi indicada ao Grammy Latino de Artista Revelação e fez uma extensa turnê de shows por todo o Brasil, chegando a se apresentar no festival Planeta Terra, em São Paulo.
O capixaba André Paste, conhecido no circuito underground como um dos mestres dos mash-ups, contou com a participação de SILVA em seu disco de estreia, “Shuffle”, lançado para download gratuito no Tumblr do artista. Além de ser responsável pela maior parte da instrumentação do disco, SILVA também realiza um dueto com Paste na canção “Laura”. Paste, apesar de mais conhecido por suas mixtapes contendo diversos mash-ups de músicas conhecidas dos anos 1990, mostra um lado mais autoral, porém não menos bem-humorado, em “Shuffle”, conforme afirma Cleber Facchi em sua resenha do disco no blog Miojo Indie.
Para a comemoração dos setenta anos do produtor musical e jornalista Nelson Motta, é lançado o disco “Nelson 70”- uma coletânea com vários artistas renomados interpretando as composições mais icônicas de Motta. SILVA participou regravando “Marina No Ar”, originalmente gravada por Guilherme Arantes em 1987, cuja letra é uma homenagem à cantora Marina Lima. Além de SILVA, “Nelson 70” também contou com artistas como Céu, Ed Motta, Gaby Amarantos, Marisa Monte, João Donato, Jorge Drexler, entre outros.
SILVA contribuiu também para a coletânea “Agenor – Canções de Cazuza”, trabalho produzido pela gravadora Joia Moderna, em homenagem aos 25 anos da morte desse grande artista do rock brasileiro. No disco, composições de Cazuza que não foram hits de sua carreira ou que ele não chegou a gravar e legou a outros artistas. Este último é o caso da regravação de SILVA, que canta “Mais Feliz”, belíssima canção de autoria de Cazuza, Dé Palmeira, e Bebel Gilberto, gravada primeiramente por Adriana Calcanhotto, em 1998, no seu disco “Marítimo”, e regravada, em 2000, por sua compositora, Bebel Gilberto, em seu disco “Tanto Tempo”- dez anos depois da morte de Caju. A regravação de SILVA é bem eletrônica, produzida quase inteiramente em sintetizadores, mas não deixa de ser romântica e sensual, dando uma cara de moderna sem descaracterizar a paixão que cerca as letras de Cazuza.
Depois de muita espera, sai em março de 2014 “Vista Pro Mar”, o segundo disco de estúdio de SILVA. Com onze músicas inéditas, o artista apresenta um trabalho mais solar e alegre do que “Claridão”, e aprimora seu contato com a instrumentação eletrônica. Participa do disco a cantora mineira Fernanda Takai, vocalista da banda Pato Fu, fazendo dueto com SILVA em “Okinawa”, uma das mais belas canções deste trabalho. Para promover “Vista Pro Mar”, SILVA cai novamente na estrada e passa pelas principais capitais brasileiras. O disco foi fortemente elogiado pela crítica especializada, e ficou em oitavo lugar na lista dos melhores discos de 2014 da revista Rolling Stone Brasil. Atualmente ele continua em turnê, e realizará, em 12 e 13 de setembro, dois shows especiais em São Paulo, nos quais interpretará grande sucessos da cantora carioca Marisa Monte.
Capa do disco "Vista Pro Mar", de SILVA. Créditos: Noize/ Divulgação
Resenha faixa a faixa
A primeira faixa do disco é, logo de cara, a que lhe dá nome – “Vista Pro Mar” – e já chama o ouvinte para uma viagem transcendental pelas águas do mar, por meio de uma letra simples porém convidativa. A segunda faixa é “É Preciso Dizer”, que evoca aquela melancolia característica de quem contempla o nascer do sol após uma noite inteira em claro. A terceira faixa, “Janeiro”, tem uma batida bem anos 1980 (talvez um pouco The B-52’s nas baladas românticas), e a voz de SILVA está linda.
A quarta faixa é “Entardecer”, e tanto letra quanto melodia são realmente envolventes e sensuais, mostrando que qualquer período do dia é válido para o amor. A quinta faixa do disco é “Okinawa”, que SILVA canta em parceria com Fernanda Takai, do Pato Fu – a batida é bem sensual e fortemente influenciada pelo post-dubstep, e a letra encaixa perfeitamente na voz adocicada de Takai. A sexta faixa, “Disco Novo”, é uma deliciosa canção de amor, embalada em um ritmo alegre e inocente, tal qual as músicas da Jovem Guarda.
A sétima faixa, “Universo”, carrega consigo uma aura de mistério e de sensualidade, demonstrando mais uma vez que a união da voz de SILVA com as batidas eletrônicas do post-dubstep é extremamente acertada para aqueles momentos mais íntimos do relacionamento a dois – “Universo”, apesar da letra pouco insinuante, chega a ser obscenamente erótica. A oitava faixa é “Volta”, que destoa um pouco da estética sexy que o disco vinha trazendo, para trazer uma batida mais voltada para o new wave de Siouxsie and The Banshees. A nona faixa do disco é “Ainda”, que mostra um SILVA mais acústico e menos eletrônico, lembrando a voz de Marcelo Camelo em diversas entonações silábicas.
A décima faixa é “Capuba”, cujo nome exótico ajuda a criar a atmosfera solar e praiana da música, além da instrumentação delicada porém eletrônica. A última faixa do disco é “Maré”, que explicita ainda mais a dedicação de SILVA ao mar e aos seus mistérios jamais revelados, evocando uma sonoridade próxima do Depeche Mode para falar de forma caymmiana das águas do mar.
Bem, pessoas, obrigado por lerem mais uma parte do Especial SILVA! Espero que vocês estejam gostando de saber um pouco mais sobre a vida e a carreira de Lúcio de Silva Souza! Fiquem atentos, porque a quarta – e última – parte dessa série será postada aqui, no Música Na Vida, somente na próxima semana! Não esqueça de compartilhar o link deste post nas suas redes sociais, e aproveite para seguir o Twitter do Música Na Vida @musicanavidabsb – assim, você terá as notícias do blog em primeira mão!
Abraços,
Caio César
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