domingo, 21 de julho de 2019

Show “Nossa História”, de Sandy & Junior – Apresentação de 20/07/2019

Não estou acostumado a ir em shows em estádios – Brasília é uma cidade um tanto quanto relegada pelos artistas internacionais, e o Estádio Nacional Mané Garrincha, apesar do preço exorbitante de sua reforma superfaturada, é pouco utilizado, seja para fins esportivos, seja para fins de entretenimento - mas sempre tenho sentimentos diferentes ao entrar em um – e nesse show tão especial e histórico quanto o retorno da dupla pop mais famosa do Brasil, Sandy & Junior. Nada me preparou psicologicamente para esse espetáculo – nem os vídeos amadores pelos fãs que já haviam prestigiado a turnê “Nossa História” em Recife, Salvador e Fortaleza, nem os vídeos de bastidores gravados por Lucas Lima e Monica Benini, cônjuges dos irmãos,... nada conseguiu me preparar para o que ocorreu entre a abertura e o encerramento do show.


Cheguei ao Estádio Nacional Mané Garrincha por volta de 17h e, do lado de fora, era possível ouvir Sandy & Junior fazendo a passagem de som para o show de mais tarde. Fiquei na fila até abrirem os portões às 18h, e entrei correndo para garantir um bom lugar na pista Vâmo Pulá, o setor no qual eu comprei meu ingresso. Encontrei muitas fãs ao meu redor enquanto esperava o show e, com trinta minutos de atraso, o show começou às 21h30, já emocionando os fãs desde a contagem regressiva, que mostra momentos íntimos dos artistas ainda crianças.


A abertura do espetáculo se dá com um vídeo que compila diferentes momentos da carreira em dupla até culminar em um fundo branco no triângulo central do palco (que conta com diversos telões nesse formato, que vem a ser o novo símbolo da dupla) na frente do qual ambos entoam os versos iniciais de “Não Dá Pra Não Pensar Em Você”, do disco homônimo da dupla de 2001. A música continua e a plateia, formada essencialmente por fãs da dupla, cantava em uníssono. Em seguida, veio “Nada Vai Me Sufocar”, do álbum “Identidade” (2004), com belíssimas projeções em estilo Pop Art dos artista cantando a música em estúdio. Depois dessa, “No Fundo do Coração”, um sucesso que vinha como faixa-bônus no álbum “Era Uma Vez... Ao Vivo”(1998), embalou os corações apaixonados enquanto alguns tinham uma experiência mais envolvente com o uso do aplicativo oficial da dupla, que permitia interação digital entre o palco e a plateia. A próxima música foi “Estranho Jeito de Amar”, do álbum homônimo de 2006, e todo o estádio parecia se encantar com a beleza da voz de Sandy e a guitarra de Junior. Em seguida, “Olha O Que O Amor Me Faz”, do magistral álbum “As Quatro Estações” (1999), trouxe lágrimas a todos, com sua letra delicada e sentimental, emendando com o clássico “Nada É Por Acaso”, do álbum de 2001, que também é um hino para o fandom. Logo depois, o sucesso internacional “Love Never Fails”, trouxe saudosismo aos fãs, com direito à dupla realizando a coreografia original do clipe junto aos dançarinos, presentes durante boa parte do concerto.


Com a ajuda da patrocinadora ELO, a música seguinte, “As Quatro Estações”, contou com pôsteres de sóis, folhas secas, flores e flocos de neve expostos pela plateia para fazer referência ao tema tratado na letra. Então veio o primeiro solo de Junior, “Aprender a Amar”, mostrando que o artista, sempre muito criticado pela voz, fez a lição de casa e está cantando com mais potência, controle e segurança. Em seguida, veio o solo de Sandy com “Imortal” – a terceira em sequência da álbum de 1999 – e, com longas notas agudas, a cantora mostrou que continua reinando soberana no campo das melhores vozes do Brasil. Posteriormente, Junior retorna para mais um solo, agora com “Libertar”, do álbum de 2004, emocionando bastante a plateia. Logo depois abriu-se no telão uma conversa de WhatsApp da “Galerinha Mais ou Menos”, relembrando o apelido da turma do seriado homônimo da dupla, que ficou no ar na Rede Globo de 1999 a 2003, com direito a stickers, GIFs, áudios e fotos da galera – tudo isso para preparar o público para a apresentação de “Eu Acho Que Pirei”, tema de abertura do seriado. A seguir, a parte mais divertida para os fãs da fase áurea da dupla – um medley contendo “Beijo É Bom” (Sonho Azul, 1997), “Etc... E Tal” (Dig Dig Joy, 1996), “Vai Ter Que Rebolar” (Você É D+!, 1995), “Dig-Dig-Joy” (1996) e “Eu Quero Mais” (1999) – e que fez todo mundo dançar muito com o balé, que fazia s coreografias originais das turnês anteriores e dos videoclipes oficiais da dupla. Então, a seguir, mais um momento solo de Junior – “Enrosca”, música de Celso Fonseca originalmente gravada por Fábio Jr. e regravada pelo artista como faixa-bônus do álbum “As Quatro Estações: O Show” (2000) – que foi seguido por um solo incrível de bateira do musicista, que desenvolveu muito bem suas habilidades percussivas desde a época de estouro da dupla, no início dos anos 2000.


Seguindo o show, os dois colocaram o estádio abaixo para repetir a coreografia clássica de “A Gente Dá Certo”, do álbum de 2001. Logo depois, a dupla diminui o tom e, apesar do palco imenso e recheado de telões e efeitos especiais, fazem um pequeno setlist acústico, com Sandy cantando e Junior tocando violão. Aqui, eles trazem sucessos como “Você Pra Sempre (Inveja)” (2004), “llusão” (1997) e “Não Ter” (1996), além de outras músicas clássicas que mudam a cada show – tivemos “Era Uma Vez” (1997) em Recife, “Vamos Construir” (Sábado à Noite, 1992) em Salvador, e “Dias e Noites” (1996) em Fortaleza. Em Brasilia, tivemos a grata surpresa de termos duas músicas a mais – a dupla cantou “Dias e Noites” e, empolgados, também tocou “Replay”, do álbum de 2006, fazendo um paralelo de dez anos entre uma canção e outra. Ainda teve a plateia entoando “Com Você” (Pra Dançar Com Você, 1994), sendo acompanhados por Junior ao violão.


Sandy & Junior chamam um VT com uma curta entrevista dos dois falando sobre a importância dessa turnê e como ela foi projetada para os fãs, tão somente para eles, por conta dos inúmeros pedidos de de reunião que ambos receberam ao longo dos doze anos em que estiveram separado e focando em suas respectivas carreiras solo. Em seguida, vem um dos grandes clássicos da carreira da dupla: “Inesquecível” (1997). Esta é a música favorita deste que vos escreve, mas não consegui cantar junto, tamanha a crise de choro que se abateu sobre mim durante esse número – ok, não era a primeira do dia, mas aquela em especial lavou meu rosto... Logo após, Junior mostra mais uma vez que seu canto está cada vez melhor em mais um número solo, “Super-Herói (Não É Fácil). Então vem “A Lenda” e todos os presentes pareciam conhecer cada palavra, tamanho o coro que se fez nessa música. A seguir, o último número da noite antes do bis: “Cai A Chuva”, com direito ao clássico solo de sax de Milton Guedes, um dos grandes nomes presente na banda de apoio da dupla. Passam-se alguns minutos com o palco vazio e apagado até que a dupla retorne para o glorioso encore, que trouxe três clássicos em sequência, para fã nenhum botar defeito: : “Quando Você Passa” (2001) trouxe um mar de balões coloridos e perfumados em formato de coração, distribuídos pelo O Boticário, um dos patrocinadores da turnê; “Desperdiçou” (2004) trouxe a plateia abaixo, que cantava o refrão a plenos pulmões; e, por fim, a clássica “Vâmo Pulá” (1999), que colocou todo mundo para pular muito e cantar muito com a dupla mais querida do país.


Sem dúvida, eu jamais esquecerei esse show. Talvez percam-se alguns detalhes, algumas curiosidades, os nomes das pessoas que conheci ali na pista, mas a sensação de prazer e de felicidade que senti ao estar ali, naquele estádio, em frente àquele palco gigantesco, de frente para aqueles dois artistas que tanto admiro há tanto tempo, eu jamais tirarei isso de mim. Devo agradecer à minha irmã, Eduarda, que me deu o ingresso de presente, e a todos os envolvidos na produção dessa turnê – que façam muitos outros fãs como eu ficarem assim, felizes e plenos de terem vivido um grande momento de suas vidas. Todo o esforço e o cansaço valeram a pena, sem um pingo de dúvida - eu fui muito feliz naquele momento, e a minha felicidade se renova a cada linha que aqui escrevo. Obrigado também a você, caro leitor, por ter chegado até aqui – em tempos de tweets e microtextos, ler uma resenha crítica de um show que tenha tal extensão é tarefa para poucos. Obrigado por ter escolhido ler esse texto.

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