Créditos: Divulgação/ Facebook - "Deca Produções"
O início da peça mostra Marya Bravo como a enfermeira que cuida do asilo e, um a um, entram em cena Miguel Briamonte (que passa a peça toda fazendo a trilha sonora ao piano), Paula Capovilla (interpretando uma velha roqueira que ainda não perdeu a pose nem a voz, cheia de drives de arrepiar a plateia), Carmo Dalla Vecchia (interpretando um senhor com algum problema pulmonar, em um trabalho cênico bem interessante – ainda que vacilante em alguns momentos – e surpreendendo com uma voz poderosa de cantor), Marcos Tumura (interpretando um velho hippie insatisfeito com os limites do asilo, e que incorpora o espírito emulado por Rita Lee no clássico “Orra Meu”), Claudio Galvan (interpretando um marido apaixonado e um ex-dançarino frustrado por quase nem mexer direito as pernas depois da velhice), e Vanessa Gerbelli (interpretando uma ex-atriz famosa de teatro, presa em um passado repetente por conta do Alzheimer). Com todos em cena, temos músicas originais da peça, cuja tradução e adaptação são de autoria de Henrique Benjamin, como também clássicos da música nacional e internacional, sempre em versões vozes e piano (a exceção é uma breve participação de Dalla Vecchia tocando guitarra elétrica, mais uma vez surpreendendo por conta de suas habilidades musicais). O problema é que, em alguns casos, a voz do cantor sai da voz do personagem e temos duas figuras distintas em cena em uma mesma pessoa – talvez pela falta de experiência anterior, creio eu, Dalla Vecchia é o que mais sofre com esta dualidade cênica.
Créditos: Divulgação/ Facebook - "Deca Produções"
Tumura e Capovilla, “macacos velhos” do teatro musical, dão um show em cena e raramente saem do tom – Tumura chega a cair do palco tomado pelo espirito de porco do seu personagem. Gerbelli, de volta aos musicais depois de muito tempo afastada, continua impecável e, aos que tiveram a oportunidade, relembra seu papel delicioso no musical “Cazas de Cazuza”. Galvan, mais conhecido por seu trabalho como dublador, arrasa em cena e deleita a plateia com sua voz tão familiar aos ouvidos de uns e outros. Bravo é uma figura impagável em cena, e cada aparição sua é um evento – sua voz é linda e límpida, mas sua personagem chega a ser extremamente irritante em diversos momentos.
Créditos: Divulgação/ Gazeta Online
Sem dúvida a velhice é uma época terrível para qualquer mortal, mas ela é inevitável e chega quando menos esperamos – mais do que isso, ela chega todo dia, cada dia mais, e sempre mais e mais visível a olhos nus. O roteiro de “Forever Young” é raso, mas a mensagem que vemos em cena é tão mais profunda que não tem resenha crítica que consiga desenvolver o suficiente o entendimento sobre as agruras e as delícias de se envelhecer. É uma peça para ser vista e revista, para entender melhor a mensagem de auto-aceitação cada vez mais e melhor.
Próximas paradas de "Forever Young" Brasil afora. Créditos: Divulgação/ Facebook - "Forever Young"
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