sábado, 3 de junho de 2017

Show "Silva Canta Marisa", do SILVA - Festival MovA (Movimento Aprático) - Apresentação de 02/06/2017

É sempre bom ver Silva no palco - e pouco mais de um ano depois de sua última passagem por Brasília, ele volta para se apresentar no inovador Festival MovA (Movimento Aprático), promovido pela banda brasiliense Apráticos, que fez o show de abertura do evento. Acontecendo durante todo o mês de maio, o festival trouxe ao Teatro dos Bancários artistas da nova geração do indie pop, como Tiê, Ana Vilela, Roberta Campos, Marcelo Jeneci, e, claro, Silva. O show, para mim, no entanto, teve um significado mais do que especial: minha namorada e eu comemoramos nosso aniversário de seis meses junto com Silva e seu belíssimo repertório com os clássicos e as mais belas canções da carreira de Marisa Monte, uma das estrelas mais incensadas da MPB surgida nos anos 1990. A turnê é resultado do disco "Silva Canta Marisa" que, por sua vez, se originou de um show do artista montado especialmente para o programa "Versões", do canal a cabo Multishow. Já sabíamos de antemão, dado o repertório e a voz aveludada de Silva, que teríamos um grande espetáculo - e não nos decepcionamos!

Créditos: Caio César Mancin

Antes de Silva entrar no palco, os Apráticos fizeram um pequeno show de abertura, mostrando seu repertório fruto do primeiro EP da banda, a ela homônimo, lançado em 2016. Com cerca de meia hora de duração, a banda se mostrou talentosa, porém com músicas muito distintas e dissonantes entre si - eles ainda precisam encontrar o som deles, mas gostaria de, no futuro, assistir a um show mais coeso deles.


Por volta de 21h, depois de uma rápida mudança no palco, Silva entrou em cena com uma música de Marisa Monte que, curiosamente, ficou de fora do disco: "Barulhinho Bom", que dá nome ao álbum duplo lançado pela cantora em 1996. Em seguida, "Ainda Lembro", do álbum de 1992 da artista, "Mais", num arranjo bem doce e, ao mesmo tempo, sensual - não deixa, aliás, a dever em nada para a versão original, gravada em dueto com Ed Motta. Logo após, "Na Estrada", uma das mais interessantes versões de Silva - a original de Marisa é do disco "Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão" (1994). Então, vem "O Bonde do Dom", do elegante disco de sambas gravado por Marisa em 2006, "Universo Ao Meu Redor".

 Créditos: Caio César Mancin

Silva, então, conta um pouco de sua amizade com Marisa Monte, que já rendeu algumas composições a serem lançadas futuramente (a primeira já o foi, e está tanto no disco de Silva como também neste show), e começa a cantar algumas músicas que ficaram de fora do disco-tributo, mas não poderiam estar de fora do setlist da turnê. Com isso, ele toca "De Noite Na Cama", clássico de Caetano Veloso regravado pela cantora em seu álbum de 1992 e, em seguida, "O Que Me Importa", do álbum mais vendido da carreira de Marisa (excetuando o projeto especial Tribalistas), "Memórias, Crônicas e Declarações de Amor" (2000). A música que se segue é "Acontecimento", originalmente do cantor e compositor Hyldon, que a cantora entoava em uma de suas turnês, para, então, vir "Tema de Amor", do disco de 2000. Em seguida, "Não É Fácil", também do álbum de Marisa de 2000, teve uma lindíssima versão tanto no registro em estúdio quanto na versão ao vivo.


A canção seguinte, no entanto, foi um deleite para este que vos escreve: "Pecado É Lhe Deixar De Molho", do icônico disco dos Tribalistas, o grupo formado por Marisa ao lado de seus parceiros de longa data, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown. Eu já havia ouvido essa belíssima versão de Silva no show de 2016, mas é a canção da qual é impossível enjoar. Então vem "Noturna", a inédita parceria de Silva com Marisa Monte, devidamente registrada em dueto no álbum "Silva Canta Marisa" - ouvir a versão ao vivo, sem a voz de Marisa, é diferente mas igualmente reveladora.


O cantor capixaba, então, larga o teclado e o Mellotron e pega no violão para cantar o que, segundo ele, é a canção mais triste que já ouvira na vida: "Sonhos", de Peninha, registrada por Marisa no show "MM Ao Vivo", de 1989. A canção seguinte é "Amor I Love You", maior hit radiofônico da carreira fonográfica de Marisa Monte, registrada no disco "Memórias, Crônicas e Declarações de Amor" (2000), e cantada em uníssono por toda a plateia do início ao fim. Em seguida, Silva traz à baila dois grandes sucessos dos Novos Baianos, que foram gravados por Marisa junto deles em seu DVD/VHS ao vivo "Barulhinho Bom - Uma Viagem Musical" (1996) - "Mistério do Planeta" e "Eu Sou O Caso Deles" - em versões bonitas, mas pouco inspiradas. O artista, então, colocam seguidas uma da outra, duas músicas do álbum "Mais" (1992) - "Eu Sei (Na Mira)" e "Beija Eu" - e, na sequência, "Verdade, Uma Ilusão", do mais recente álbum de estúdio de Marisa, "O Que Você Quer Saber de Verdade?" (2011), "Infinito Particular", do disco homônimo de 2006 (lançado concomitantemente ao álbum "Universo ao Meu Redor"), e, para finalizar, "Não Vá Embora", do bem-sucedido disco de 2000.

Créditos: Caio César Mancin

Silva, então, agradece ao público brasiliense e se despede do palco... para voltar alguns segundos depois ao palco para entoar "A Sua", do álbum ao vivo "Memórias, Crônicas e Declarações de Amor - Ao Vivo" (2001), e a única canção de seu repertório, "Feliz e Ponto", do seu terceiro álbum, "Júpiter" (2015), despedindo-se do palco por volta de 22h30.

Créditos: Caio César Mancin

O show de Silva foi inegavelmente bonito e esperadamente romântico, mas o fato de a produção ter optado por realizar uma segunda sessão às 22h deixou um pouco a desejar, visto que a primeira sessão só foi completamente esvaziada por volta de 22h50. Só espero que os fãs da próxima sessão consigam assistir um show tão bom quanto o que Giulliana e eu assistimos. É sempre bom ouvir a deliciosa voz de Silva - portanto, jamais reclame ou recuse ingresso de um show deste homem!

Créditos: Caio César Mancin

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