Hoje não vou falar de música - pelo menos, não diretamente... Hoje eu quero convidar a todos para uma reflexão. Ontem à noite, logo após o fim de um show da cantora norte-americana Ariana Grande na Manchester Arena, na cidade homônima à arena, na Grã-Bretanha, uma bomba foi acionada por extremistas islâmicos, deixando cerca de vinte mortos e dezenas de feridos - em sua esmagadora maioria, dado o público cativo da cantora, crianças e pré-adolescentes. A autoria da explosão já foi reivindicada pelo grupo Estado Islâmico, e é apenas mais um de muitos ataques que vêm acontecendo cada dia mais desde 2015, quando da chacina dos cartunistas do jornal satírico francês Charlie Hebdo. Tal evento me levou a duas vertentes reflexivas: por que ainda não foi tomada nenhuma medida realmente eficaz para parar a ação de extremistas islâmicos? Quão seguro está o público que vai assistir a um show grande, em um local grande?
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Para a primeira pergunta, antes de pensarmos em respostas, devemos compreender suas origens. A guerra santa entre islâmicos já tem tantos séculos que seu motivo original perdeu-se no tempo e na história, mas atualmente o motivo mais forte para estes conflitos é, pura e simplesmente, a ganância da posse de terras e a intolerância intra-religiosa. A luta latifundiária é mais do que um conflito entre posseiros: é uma guerra que se arrasta través dos séculos, motivadas por descrições similares de uma "terra prometida" localizada no mesmo local, em diferentes religiões.
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Deixe-me dizer uma coisa: religião é que nem futebol, você não precisa matar nem machucar ninguém para defender seu time, basta respeitar o espaço do outro e todos podem torcer juntos e em harmonia. Não há razão lógica para esses conflitos:todos os envolvidos estão irreparavelmente cegos por uma doutrina que, sim, prega o ódio e prega a violência em nome da defesa da moral e dos bons costumes. No entanto, o Ocidente tem teto de vidro para falar deste assunto: quem hoje acusa o Estado Islâmico de ser uma associação terrorista esquece que a Igreja Católica causou milhões de mortes na tentativa de catequizar os indígenas norte-americanos e sul-americanos, esquece que um grupo minoritário de evangélicos prega que homossexuais são aberrações da natureza e merecem morrer para pagarem seus pecados, esquecem que a Inquisição queimou inúmeras pessoas na Idade Média sob acusações estapafúrdias de bruxaria,... Não temos moral para acusar os muçulmanos de nada sem olharmos para o nosso umbigo e lembrarmos que a sociedade católica é culpada também de diversos crimes contra a humanidade e contra os direitos humanos. No entanto, faz-se necessária uma pergunta: se o nosso direito acaba quando começa o direito do outro, por que ainda não se discute politicamente medidas protetivas contra os ataques de extremistas muçulmanos?
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Não é isso uma forma de tolher a religião islâmica, mas, sim, uma forma de garantir que o direito de eles terem a religião que escolheram para si não se sobreponha ao direito ocidental de ter outra religiosidade. É notável no Alcorão vários dizeres incitando a violência contra os infiéis, contra aqueles que não creem em Allah e nas divindades islâmicas, e isso é um dos motivos mais utilizados para justificar as ações terroristas, mas até onde vai essa justificativa? Que direito eles têm de executar aqueles que são de outras religiões, ou que não seguem religião nenhuma? Isso é uma notável intolerância religiosa, que já vimos acontecer na história do catolicismo diversas vezes, mas agora o jogo virou e a Igreja Católica deixou de ser vilã para ser vítima - irônico, sim, mas nada saudável. No entanto, o conflito vai além: a intolerância não é apenas com outras religiões, mas também se estende às outras vertentes do islamismo. A jihad não é apenas contra o catolicismo, é uma guerra de todos contra todos. Muçulmanos xiitas e sunitas deram origem ao conflito intra-religioso, que hoje têm novas formas e se provou uma eficaz ferramenta de controle da mentalidade popular. Nos países afetados pelos conflitos, não há dias de paz, dias de calmaria,... há apenas dias de dor, de angústia, de mortes, e de muito sangue derramado por uma causa sem fim. Além disso, há o motivo pelo qual as nações ocidentais ainda não discutem os limites do extremismo islâmico: o financiamento e o fornecimento de armamentos para os guerrilheiros que os países europeus e os EUA realizam há anos. O mercado bélico move bilhões de dólares com a guerra santa - por quê seus maiores lucradores discutiriam formas de controlar ou, até mesmo, dar fim ao conflito? É mais do que um contrassenso - é um atestado explícito de que a jihad é um negócio lucrativo para ambas as partes, já que nenhum dos lados dá a mínima para as vidas humanas perdidas no processo. Os milhões arrecadados são muito mais interessantes para os governos norte-americano e europeus do que a paz no Oriente Médio - desculpem-me a crueza das palavras, mas a guerra não deve ser mascarada, ela deve ser clara e explícita. Enquanto os EUA estão ganhando muito dinheiro vendendo armas para os extremistas, milhões de pessoas (crianças, mulheres, homossexuais, homens,...) morrem diariamente vítima dessa munição - para, então, vir a ONU a público pedindo o fim dos conflitos. Isso, meus caros, é hipocrisia, do tipo mais pernicioso e cretino - mais ou menos como, no caso de uma eleição indireta no Brasil termos o Congresso Nacional, cuja metade do quórum é réu na Lava-Jato, como votantes do futuro Presidente do país.
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Já para a segunda pergunta, o tema é mais ameno, mas não menos importante, visto que é dever do Estado zelar pela cultura de seu país e estimular sua produção. Quando saímos para algum evento cultural (shows, peças de teatro, festas, etc), nossa maior preocupação é estarmos bem produzidos e adequados para aquele ambiente. Quantas vezes você já se pegou analisando onde estão as saídas de emergência do local onde você está se divertindo? Se você disse "nenhuma", não se envergonhe: você não está sozinho, infelizmente.
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Não passa pela nossa cabeça que possa acontecer alguma grande tragédia no local onde estamos, teoricamente, nos divertindo. No entanto, casos recentes mostram que prestar atenção a esses pequenos detalhes podem fazer a diferença: o trágico caso do incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS); a chacina dos frequentadores de uma boate gay em Orlando (EUA); o fuzilamento aleatório do público do show do Eagles of Death Metal, no Bataclan de Paris (França); e, mais recentemente, o caso de ontem, no show da Ariana Grande.
Créditos: Global Research
Será que estes locais eram realmente seguros? Quais seriam os procedimentos de segurança que alguma dessas casas deveria se sujeitar? Seria a culpa pela facilitação do acesso de quem? Dos organizadores, dos proprietários da casa, da equipe de segurança responsável,...? Será que existem culpados pela falta de segurança? A grande verdade é que, antes do caso do Bataclan, não havia preocupação de uma maior segurança nestes locais por conta do pensamento "imagine, isso nunca vai acontecer conosco!" - só que, diante de tantos casos recentes, já é passada a hora de haver um maior cuidado e esmero na segurança e na fiscalização dessas casas. Infelizmente é preciso tomar medidas drásticas para tentar resolver situações drásticas - se não houver providências, quantas outras tantas pessoas terão de morrer até que acabe este conflito implicado pelos extremistas islâmicos? Ainda temos tantas perguntas, mas é nítido que temos poucas respostas - é hora de corrermos atrás dessas respostas para sanarmos as dúvidas!
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Desculpem-me a extensão do texto, mas é que eu precisava colocar em palavras os sentimentos que saber de mais um ataque terrorista, que causou a morte de tantas crianças e jovens, me causam...
Créditos: Dwayne Johnson/ Twitter
Obrigado pela atenção, e tenha uma boa semana!
Abraços,
Caio César
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