Crédito: Aqui Tem Diversão/ Divulgação
Antes de contar do show, preciso contar a peripécia para lá chegar: na noite de sábado (26/08), Giulliana, minha namorada, e eu nos arrumamos para irmos ao espetáculo e, no caminho, paramos em um mercado para comprar um quilo de um alimento não perecível para que eu pudesse pagar a entrada social - acabamos nos perdendo para chegar ao Teatro UNIP e, ao lá chegarmos, depois de uma pequena fila, tivemos um problema com nossos ingressos, que não estavam sendo aceitos pela leitora. O motivo? Simples: eu havia comprado ingressos para a apresentação de domingo (27/08) e não havia me atentado a isso na hora de me programar para o final de semana. Giulli e eu voltamos para casa com aquela cara de tacho pelo tempo desperdiçado, mas demos gostosas gargalhadas enquanto comíamos um lanche no McDonald's - que, por sinal, estava lotado porque nenhum dos dois se lembrou que justamente aquele sábado era o tal McDia Feliz...
Já neste domingo, Giulli e eu rumamos novamente para o Teatro UNIP, agora cientes da data que constava no ingresso, e entramos com tranquilidade para nos acomodarmos em nossos assentos. O show começou por volta de 20h10, mas o início provou que era melhor ter atrasado mais: logo na primeira música, Valério teve problemas com o retorno de seu microfone - as caixas simplesmente apagaram e funcionaram com notada dificuldade ao longo de toda a performance - e o teclado, que estava apoiado em um suporte próprio em cima de um praticável de metal, despencou durante a execução da segunda música, sendo religado em poucos segundos com a ajuda de um dos guitarristas e do roadie. Em todos esses anos de shows aos que assisti, nunca tinha visto um início tão catastrófico - mas, felizmente, tudo era superável diante da voz de Valério Cazuza, que fala e canta mimeticamente tal qual o gênio que representa no palco. Sendo fã do artista há muito tempo, já vi diversas entrevistas e materiais de bastidores de Cazuza, e a semelhança das vozes original e do cover é assustadora.
Créditos: Carol Garcia/ GOVBA/ Fotos Públicas
Em cima do palco, acompanhado de uma banda excelente, Valério canta grandes sucessos do Barão Vermelho, banda da qual Cazuza fez parte de 1981 a 1985, e da carreira solo do artista, que durou de 1985 a 1990, em ordem cronológica, em um trabalho muito lindo e delicado com a obra irretocável de Cazuza. Sucessos como "Maior Abandonado", "Bete Balanço", "Down em Mim", "Pro Dia Nascer Feliz", "Exagerado", "O Mundo É Um Moinho", "Todo O Amor Que Houver Nessa Vida", "Ideologia", "O Tempo Não Para", "Blues da Piedade", entre outros, são presenças garantidas e, a cada vez que Valério abria a boca para transmitir a mensagem musical e filosófica de Cazuza, eu chorava - de alegria, de emoção de poder prestigiar um dos meus maiores ídolos na música, e de tristeza de lembrar de sua morte tão precoce. Dono de uma poesia que transbordava de suas letras e se mostrava nas suas mais diversas facetas, Cazuza foi um homem único e fez de sua doença a força motriz para produzir a todo vapor, deixando-o com uma fome de música que beirava o insano - em pouco menos de dez anos de carreira, Cazuza gravou 78 músicas autorais e presenteou colegas com outras 34 composições que nunca gravou com sua voz - e Valério nos ajuda em tal missão, ao mostrar o artista cantando "Malandragem", composição que deu de presente para sua amiga Cássia Eller, também já falecida.
Depois de apresentar seu espetáculo, Valério Cazuza sai de cena e retorna para um bis, no qual cantou, pela primeira vez em doze anos de estrada representando seu papel de Cazuza, uma música autoral, denominada "Máscara" - se não fosse ele dizendo, eu juraria que era uma música mais obscura da carreira de Cazuza, tamanha a qualidade do trabalho autoral e da voz hipnótica do compositor e intérprete - além de reprises de "Bete Balanço" e "Pro Dia Nascer Feliz". Giulli não conhece muito do trabalho de Cazuza, mas gostou do show e eu, claro, já me comprometi a mostrar mais das músicas deste poeta musical incrível e inesquecível. Sem dúvida, foi uma experiência maravilhosa e que levarei sempre comigo - mesmo que por vias tortas, posso me orgulhar de ter visto um show do Cazuza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário