Show “Sí Tour”, de Andrea Bocelli – Apresentação de 26/09/2018

Poucos artistas internacionais são capazes de lotar o Estádio Nacional Mané Garrincha, a famigerada obra arquitetônica superfaturada da cidade de Brasília (DF), e Andrea Bocelli, o mais famoso tenor italiano vivo, é decerto um destes – a prova disso é a impossibilidade de se encontrar lugares vagos no Setor Prata, onde eu fui prestigiar o show ao lado do meu tio Wagner. Por conta de um pequeno imprevisto, chegamos com algum atraso ao show, que começou por volta de 20h30, durante a segunda música. Isso não foi, no entanto, empecilho para contemplar aquele espetáculo – a imobilidade de Bocelli no palco, por conta de sua cegueira, é compensada com um show para os olhos, com apresentações de bailarinos e de convidados especiais que ajudam a adornar a atração principal da noite.

A soprano Larisa Martinez, deslumbrante em um longo vermelho, marcou presença em músicas do repertório clássico de óperas de Bocelli, com direito a trechos de obras de Puccini e Verdi. A exuberante orquestra que o acompanhou foi a Orquestra Sinfônica Heliópolis, do Instituto Baccarelli de São Paulo (SP), fez um excelente trabalho e, em seu medley solo, tocou clássicos da bossa nova para fazer um gracejo ao público brasileiro. A cantora Maria Rita, que participa de todos os concertos de Bocelli aqui no Brasil, apresentou-se com graça e doçura ao lado do tenor, cantando no palco quatro músicas – “Me Deixas Louca”, do repertório de sua mãe, Elis Regina; “Tristeza”, de Vinicius de Moraes; “Canto della Terra”, do repertório de Bocelli; e “The Prayer”, dueto clássico entre o tenor italiano e a canadense Céline Dion. Para tocar “Libertango”, peça icônica do repertório de Astor Piazzolla, Bocelli convidou ao palco o CARisMA Guitar Duo, que fez uma estupenda apresentação ao lado dos bailarinos de tango que bailavam ao som das guitarras flamencas.

Andrea Bocelli é, sem dúvida, um excelente musicista e tenor, e não poderia haver opção melhor para ir pela primeira vez ao Estádio Nacional. Sem dúvida, um show para se rever – espero, um dia, poder fazê-lo.