sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Foco de Luz ou Super Trouper - Parte V

Olá, pessoas!

Desculpem a demora em postar a quinta parte do conto "Foco de Luz ou Super Trouper", mas tive um dia um tanto atribulado, e não pude sentar no computador hoje para fazer isso! Mas a espera acabou: aqui está a próxima parte do conto!

Espero que vocês estejam gostando das aventuras de Gustavo!

Abraços,
Caio César.

***

- Isso é um absurdo! Você é um vagabundo! - berrava André, com o boletim escolar do filho em mãos - Eu trabalho todo dia que nem um condenado naquele escritório, e pra quê?! Pro meu filho não conseguir passar de ano?! É isso, Gustavo?!
Gustavo, até então bem calado, levantou a cabeça, respirou fundo, e confessou seu sentimento mais profundo:

- Isso não é nada perto do que eu gostaria de lhe dar, pai... Isso é muito menos do que eu sou capaz, para fazê-lo sofrer o tanto que o senhor me faz sofrer a cada dia da minha vida! Tudo tem que ser do seu jeito, do seu modo - eu estou cansado de fazer tudo assim! Estou de saco cheio de ter que abaixar minha cabeça e me calar a cada vez que o senhor me insulta ou insulta a mamãe! Aliás, bom lembrar da minha mãe - ela é a minha heroína, sabia?! Não deve ser fácil dividir a cama com um homem grosso e estúpido que nem você por tantos anos! Sabe que eu ainda me pergunto se vocês trepam?...

A confissão de Gustavo foi interrompida por um tapa estalado no meio do seu rosto. Ele se recuperou do susto, levou a mão à bochecha direita (que ardia de dor), e ouviu de seu pai:

- Sai já da minha casa, seu ingrato! Arrume suas coisas e vá embora da minha casa! Aqui eu não sustento nem vagabundo, muito menos um viadinho fedelho como você! Saia daqui e vá pro raio que o parta!

- E você vai fazer isso por quê?! Porque eu reprovei na escola?! Ou é por que o senhor acha que não pode ter um filho gay?!

- Eu não tenho um filho gay - você não é mais meu filho! Sai daqui, moleque cretino!

André empurrou o menino no chão, que caiu com estrépito ao bater o ombro no armário. O pai saiu do quarto, e a mãe, que escutava tudo do lado de fora, entrou chorando em desespero, tentando acudir o filho. Gustavo se levantou, limpou o sangue que escorria mais uma vez do nariz que seu pai havia quebrado mais cedo naquela noite, e Nieta, em prantos, disse:

- Filho, não escute seu pai! Ele está de cabeça quente! Amanhã vocês conversam e se entendem!

- Não, mãe... Eu não tenho sangue de barata, você me desculpe... Eu vou embora, sim. Vou pra casa da Ana e da Titi - pelos menos lá, eu serei bem tratado e respeitado.

- Gustavo, meu filho, não faz isso! Seu pai é assim mesmo! Você tem que ter paciência!...

- Não tenho que ter paciência, mãe! - ele a interrompeu - Eu tenho que ter liberdade para fazer minhas escolhas! Eu quero ser livre!

Ele, então, arrumou sua pequena mala - três mudas de roupa, cuecas, meias, seus LPs do ABBA, e uma foto dele com sua mãe e sua irmã. Ao fechar a mala, ouviu a mãe engolir em seco e desabar novamente no choro. Ele deu um beijo no topo da cabeça dela, e foi em direção à porta. Do outro lado do corredor, Olívia o encarava - ela tinha um ano a menos do que ele. Ele, então, se aproximou dela, e ela disse:

- Você está mais do que certo, meu irmão. Vai buscar a tua felicidade. Eu cuido de tudo aqui.

Ele sorriu, e uma lágrima começou a rolar por seu rosto quando ele abraçou Olívia e se afogou em seus cabelos ruivos e longos. Os dois se afastaram, despediram-se com os olhos, e Gustavo saiu de casa.

Ao chegar na casa de Ana Luísa, a prima atendeu à porta antes de ele tocar a campainha - parecia que ela adivinhara tudo. Ela, então, o abraçou forte, enquanto Patrícia pegava a mala que ele trazia consigo e colocava perto do sofá do pequeno apartamento que as duas dividiam. Os três entraram, e Ana Luísa perguntou:

- Ele te expulsou ou você quis sair?

- Ele me expulsou...

- E você quis sair?

- Sim. Acho que foi a melhor coisa que ele me disse nos últimos meses...

- E como será agora? - perguntou Patrícia.

- Não sei... Eu preciso dar um jeito em tudo... Acho que vou largar a escola, começar a trabalhar...

- Tem certeza? Não vai ser fácil arranjar emprego... E outra: você vai morar aqui? No nosso sofá? O apartamento é pequeno, só tem um quarto, um banheiro,...

- Titi! - censurou Ana Luísa - Ele está muito cansado! Deixe-o descansar hoje, e conversamos sobre tudo amanhã! Tudo bem, primo?

- Tudo... - disse Gustavo um tanto desorientado e sonolento - Eu preciso... Descansar um pouco...

- Boa noite, Gu! - Ana Luísa lhe deu um beijo na testa, e se levantou do sofá - Tente dormir, e conversaremos mais sobre tudo isso amanhã, quando a cabeça estiver melhor.

- Boa noite... - ele dormiu em pouco menos de cinco minutos.

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